Organizadores falam em milhões nas três cidades; presidente discursa com ataques a Lula, que reage; outros candidatos veem crime eleitoral
Apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) foram às ruas nesta quarta-feira (7) para demonstrar solidariedade ao presidente da República, no feriado do Bicentenário da Independência.
Os organizadores falam em milhões de manifestantes presentes. Números oficiais sobre a quantidade de pessoas no Rio e em Brasília ainda não foram divulgados. De acordo com o governo de São Paulo, cerca de 50 mil pessoas foram à avenida Paulista.
Em Brasília, uma multidão se reuniu na Esplanada dos Ministérios para ouvir o discurso de Bolsonaro. Em São Paulo, vários quarteirões da avenida Paulista foram tomados pelos bolsonaristas, assim como ocorreu na Avenida Atlântica, em Copacabana, no Rio de Janeiro.
Durante discurso no Rio, Bolsonaro chamou Luiz Inácio Lula da Silva de “quadrilheiro”, sem citá-lo nominalmente. O chefe do Executivo afirmou que o ex-presidente deveria ser “extirpado da vida pública”.
“Compare o Brasil com os países da América do Sul. Compare com a Venezuela. Compare com o que está acontecendo na Argentina e compare com a Nicarágua. O que em comum esses países têm? Todos são amigos entre si. Todos os chefes de Estado dessas nações são amigos do quadrilheiro de nove dedos que disputa a eleição no Brasil. Não é voltar apenas à cena do crime. Esse tipo de gente tem que ser extirpada da vida pública”, afirmou.
O ex-presidente Lula respondeu à noite com um vídeo publicado no Twitter. Ele afirmou que, quando era presidente, não usou o feriado da Independência “como instrumento eleitoral”.
Lula ainda acrescentou que Bolsonaro “tenta atacar” ao invés de discutir os problemas do Brasil. O candidato do PT também cobrou explicação de “como a família juntou R$ 26 milhões de dinheiro vivo para comprar 51 imóveis”, referindo-se a uma reportagem do UOL, que a CNN não conseguiu confirmar, sobre a suposta compra de imóveis pela família Bolsonaro.
“O presidente, em vez de discutir os problemas do Brasil, tentar falar para o povo como vai resolver o problema da educação, da saúde, do desemprego, ele tenta falar de campanha política e tenta me atacar, onde deveria explicar como a família juntou R$ 26 milhões de dinheiro vivo para comprar 51 imóveis. É isso que ele deveria explicar. O Brasil precisa de melhor sorte”, disse.
Pela manhã, o presidente assistiu ao desfile de 7 de Setembro em Brasília, ao lado de ministros, autoridades e aliados. Na sequência, seguiu para a Esplanada dos Ministérios, onde discursou. O presidente disse que respeita a democracia e criticou quem está “fora das quatro linhas” da Constituição.
“Com uma reeleição, nós traremos para dentro dessas quatro linhas todos os que ousam ficar fora delas”, colocou o candidato do PL.
Ao lado da primeira-dama, Michelle, Bolsonaro puxou um coro de “imbrochável”. A postura foi criticada pelas candidatas à Presidência Simone Tebet e Soraya Thronicke.
“No dia da Independência do Brasil, o presidente mostra todo seu desprezo pelas mulheres e sua masculinidade tóxica e infantil. Como brasileira e mulher, me sinto envergonhada e desrespeitada”, disse Tebet, que também classificou o episódio como “vergonhoso”.
Tebet ainda disse ser “triste” o fato do presidente estar “preocupado com masculinidade enquanto o povo passa fome”. “Lamentável o personalismo e o populismo do nosso Presidente da República.”, acrescentou a pedetista.
Soraya disse que a informação citada pelo presidente não interessa aos brasileiros.
“Divorciado do respeito à data, em pleno 7 de Setembro, o presidente insiste em propagar que é imbrochável ― informação que, sinceramente, não interessa ao povo brasileiro. O que o Brasil precisa, mesmo, é de um presidente incorruptível. Bolsonaro prima pela desqualificação”, afirmou.
PDT, PT, PV, Rede e União Brasil já anunciaram a intenção de judicializar os atos do presidente durante o 7 de Setembro.
A campanha de Lula disse que vai apresentar uma ação no TSE alegando que houve abuso de poder político e econômico. O PDT afirmou que vai acionar o Supremo, também alegando abuso de poder político e econômico.
A campanha de Soraya Thronicke (União Brasil) disse à CNN que entrará na Justiça para que Bolsonaro não possa utilizar imagens do 7 de setembro em Brasília em sua propaganda eleitoral gratuita na rádio e televisão.
PV e Rede, que integram a coligação de Lula na disputa eleitoral, também pretendem ingressar com ações contra Bolsonaro.
À CNN, o presidente do PV José Luiz Penna disse que “Bolsonaro usou o bicentenário da independência do Brasil para fazer campanha política. Cometeu crime eleitoral. O PV vai representar judicialmente contra a sua candidatura”, afirmou Penna.
Já o senador Randolfe Rodrigues (Rede) – que inclusive integra a coordenação da campanha de Lula – disse que a Rede irá ajuizar uma ação no TSE “para apurar o abuso da máquina pública cometido por Bolsonaro.”
Fonte: CNN Brasil.
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