O brutal assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes, gerou um verdadeiro cataclisma em nosso país: centenas de manifestações de solidariedade às vitimas aconteceram nas maiores cidades do Brasil e do exterior, mas também circularam vídeos nas redes sociais, a maioria asquerosos, tentando denegrir a atuação política e a vida particular da ativista carioca.
Definitivamente, na política desapareceu o respeito básico pelo próximo, pelo ser humano, e o caso Marielle deixou isto muito claro. Pessoalmente não comungava com seus ideais políticos, mas mesmo assim, respeito a sua coragem de lutar por suas convicções, nesta selva que se tornou a política brasileira. Ideias se combatem com ideias, mas jamais pela eliminação física.
A execução da vereadora mostrou claramente quão dividida ideologicamente se encontra grande parte da sociedade brasileira: enquanto que a esquerda festejava a vítima como uma guerreira que, como mulher, negra, lésbica, e nascida na favela conseguiu conquistar a universidade e o mundo político, a direita a desqualificava como figura pertencente ao mundo do crime organizado, do tráfico de drogas, vendo o seu assassinato como o desfecho natural de sua atuação política na periferia do Rio de Janeiro.
Infelizmente, nos dias atuais, o mundo político está polarizado, cada qual convencido de que a verdade está de seu lado. Poucos apresentam disposição para o diálogo, que nos poderia conduzir a um saudável e equilibrado centro.
Num canto do espectro político está a direita, com uma gama imensa de nuances. Continuam odiando obsessivamente o petismo e seu sonho mais acalentado seria trancafiar a sete chaves Lula e seu grupo no xilindró. A cereja do bolo seria a faixa presidencial para Bolsonaro, ou como consolo, um regime de exceção.
Já o PT e aliados na esquerda, combalidas e na defensiva, continuam detestando os coxinhas e sabem que a única maneira de sobreviver politicamente é eleger Lula presidente da República. Hipótese sempre mais remota com as sucessivas revelações de desmandos e corrupção da era petista.
Também pelas bandas de cá a obsessão político-partidária tem e sempre teve os seus fiéis seguidores, obsessão que já causou muito mal à nossa cidade, principalmente na última década. Recentemente, o vereador Paulinho Sestrem apresentou aos seus pares na Câmara Municipal um elaborado estudo que visava demonstrar os excessos cometidos pelo poder Executivo na contratação de funcionários em cargos de confiança. Ressaltou não ser contra os cargos comissionados, mas sim contra os abusos nas contratações.
Dias depois, um conhecido político local postava nas redes sociais: “Piada, esqueceu que foi funcionário comissionado durante o governo do PT”.
E assim tentou-se desqualificar um bom trabalho, por razões políticas. Uma pena.
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