Outubro já está aí e as convenções partidárias encontram-se em estado de total ebulição, seja para formalizar as candidaturas do partido ou engendrar eventuais coligações que lhes aumente o tempo de exposição no horário eleitoral e lhes amenize a desgastante escalada ao poder.
Pelo que podemos observar, o PT ainda está reticente, aguardando uma definição formal sobre a candidatura de Lula à presidência. Raquel Dodge, Procuradora Geral da República, já sinalizou uma inviabilização da candidatura Lula, o que aparentemente não sensibilizou muito os petistas, que pretendem continuar fiéis ao seu líder até o final.
Sabemos que o PT queimou as suas fichas pelos anos de desgoverno que resultaram em catástrofes para o país, resultados que deverão se refletir nas urnas nas eleições de outubro. Não devemos esquecer, no entanto, que o PT continua um partido unido e disciplinado, e que uma ordem de Lula aos companheiros para que votem num certo candidato equivaleria a uma passagem praticamente certa ao segundo turno. Recorde-se o acontecido em nossa cidade nas eleições de 2016!
Outro hipotético sucesso das esquerdas poderia acontecer numa união de todos os partidos sob as asas de Ciro Gomes, fiel amigo e seguidor de Lula desde sempre. Gomes não deixa de ser um candidato inteligente e preparado, mas emocionalmente instável, temperamental, inconsequente e neurótico, com visíveis deficiências para um cargo que exige equilíbrio e cabeça fria.
No outro lado do espectro político-ideológico, o “Lula da direita”, o arquiconservador Jair Bolsonaro anda encontrando dificuldades para encontrar um candidato a vice e um partido disposto a coligar-se ao seu PSL. Ao que tudo indica, a sua misoginia, seu racismo e homofobia bem como seu incomensurável saudosismo dos tempos da ditadura militar, não estão sendo suficientes para seduzir a classe política a compartilhar o seu barco.
Não resta dúvida de que a popularidade de Bolsonaro apóia-se principalmente em sua rejeição das esquerdas, principalmente do PT. Além disso, o seu passado político sem maculas visíveis de corrupção e sua postura soldadesca de “macho valente” transmitem a uma população acuada e amedrontada uma esperança de que dará um basta a bandalheira no serviço público e a certeza de que a segurança está em ótimas mãos.
Ainda assim, o candidato encontra dificuldades para achar um político para figurar como vice em sua chapa, que deverá concorrer à Presidência da República. O senador Magno Malta foi o primeiro convidado. Declinou, pois, prefere continuar no Senado. O conhecido linha dura, general Heleno Augusto, foi o segundo contemplado com um convite. Gostou da ideia, mas seu partido vetou sua participação. O general Hamilton Mourão, outro durão, foi o terceiro convidado. Sempre foi favorável à intervenção dos militares na política, mas no momento mostrou pouco interesse pela empreitada. A promotora Janaína Paschoal foi a seguinte na fila: pediu um tempo para decidir, mas já avisou que sentia “desconforto” com a falta de flexibilidade do candidato.
Creio que nenhum destes convidados poderia contribuir decisivamente para o sucesso de uma eventual gestão Bolsonaro pois seu temperamento, personalidade e cabeça feita exigem um vice-presidente songamonga, sem ideias próprias, obediente como um soldadinho de caserna e feliz e realizado pelo seu papel de bibelô na cristaleira do Planalto.
Pelo que se vê, as forças políticas moderadas acordaram e se aglutinaram em torno de Geraldo Alckmin do PSDB. Os partidos do Centrão e o PTB já garantiram a sua adesão, o que já confere ao grupo um potencial digno de nota.
A parte negativa desta coligação seria o fato dela se compor, em sua maioria, de políticos dos quais todos nós gostaríamos de nos livrar.
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