Felizmente as eleições de outubro já viraram história. Sem dúvida, estava mais do que na hora, pois ninguém aguentava mais a lavação de roupa suja dos candidatos e muito menos as baixarias de seus seguidores nas redes sociais.
As eleições foram “sui generis” e inovadoras: sumiram os palanques, que foram substituídos pela mídia eletrônica e pelas redes sociais, estas últimas as maiores responsáveis pela vitória de Jair Bolsonaro, do PSL.
O candidato da direita abiscoitou a faixa presidencial com 55 milhões de votos, 10 milhões a mais do que oponente Fernando Haddad, do Partido dos Trabalhadores. Deveras assustador o fato de 11 milhões de brasileiros terem anulado o seu sufrágio ou votado em branco, o que, somado aos 31 milhões que deixaram de comparecer às urnas, nos leva a 42 milhões de eleitores que não escolheram nenhum dos dois candidatos para ser o 38º presidente da República Federativa do Brasil.
Sem dúvida, a eleição de Bolsonaro bem como o afastamento do Partido dos Trabalhadores do eixo do poder, produziu esta brisa de saudável renovação que cobre o país e que passou a influenciar, de imediato, o estado emocional da população, fazendo com que a maioria voltasse a encarar o futuro com boa dose de otimismo.
O discurso do presidente eleito, logo após o anúncio oficial de sua vitória, foi surpreendentemente conciliador e o seu solene compromisso com o estado de direito desarmou, por ora, os que previam a inauguração de um estado de exceção.
A grande tacada de Bolsonaro nesta fase inicial de composição de seu governo foi convidar o juiz Sergio Moro para ser seu Ministro da Justiça e Segurança Pública. Além de conferir um selo de qualidade ao seu futuro ministério, tranquiliza a população, que agora tem certeza de que a justiça está em mãos confiáveis.
A ascensão de Bolsonaro produziu um “frisson” sem precedentes na direita internacional. O primeiro na fila de congratulações foi o presidente norte americano Donald Trump que, de imediato, ofereceu ao Brasil um “tratado estratégico especial”, mimo raríssimo em sua cesta de bondades.
A profunda admiração de Bolsonaro por Trump já tornou-se um segredo público e, assim que eleito, anunciou algumas medidas tomadas do manual de seu guru americano: desfiliar o Brasil do Clube de Paris, organização mundial que se ocupa da mudança do clima; transferir a embaixada do Brasil em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, cuja parte oriental é reivindicada pelos árabes como capital de um futuro estado palestino; degradar o Mercosul a um papel de menor importância, por seu suposto viés esquerdista, e assim por diante.
As respostas não se fizeram esperar: a China, nosso mais importante parceiro comercial, já avisou que “um alinhamento com a política de Trump sairia muito caro para o Brasil”. Os árabes, por sua vez, acabam de cancelar a visita de uma missão comercial ao Cairo e teme-se que, a título de retaliação, o Brasil passe a fazer parte da rota do terrorismo internacional.
Após sua posse, espera-se que Bolsonaro seja menos impulsivo e menos fundamentalista, não baseando suas decisões unicamente em critérios ideológicos.
A primeira semana de preparativos para seu futuro governo tem deixado observadores otimistas, pois Bolsonaro passou a transmitir a impressão de que já havia assimilado de que na prática a teoria é outra, mostrando maleabilidade e boa vontade para rever decisões tomadas anteriormente.
Estamos cientes que, para que se concretizem reformas profundas, imprescindíveis e urgentes, o presidente deverá encontrar um caminho para pacificar o país, que continua dividido, impregnado pelo sectarismo, ódio, preconceito como no período das eleições.
Urge que tanto a direita como esquerda baixem o facho, caiam na real de que a eleição é coisa do passado, e que elegemos um presidente para todos os brasileiros, independentemente da coloração política de cada um. Agora, passa a ser dever da sociedade proporcionar um clima de governabilidade, para que o Executivo tenha condições de alçar o país do buraco em que se encontra.
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