Encontramo-nos na reta final, a poucas horas do segundo turno das eleições presidenciais, agora para pinçar, em definitivo, aquele que comandará os destinos do país durante os próximos quatro anos. Não deixará de ser uma eleição ímpar pois teremos que optar entre dois polos: à esquerda, um intelectual desgastado por escândalos e anos de desgoverno de seu Partido dos Trabalhadores; e à direita, um militar aposentado, admirador incondicional do período da ditadura militar em nosso país que, à maneira de Trump, planeja uma “tábula rasa” para modelar um novo Brasil a seu feitio e gosto.
A rigor, nenhum dos dois candidatos corresponde adequadamente ao elixir que deverá apaziguar o ânimos e encaminhar satisfatoriamente os gravíssimos problemas que nos afetam: Fernando Haddad, do detestado PT que esmagadora maioria quer ver longe da direção dos destinos do país, e Jair Bolsonaro, representante do militarismo, do autoritarismo e da intolerância, que já tiveram vez em nossa história recente, mas já não encontram mais muito espaço entre os brasileiros nos dias de hoje.
O que impressionou, positivamente, no primeiro turno destas eleições de outubro foi o engajamento dos eleitores que abandonando a tradicional letargia, arregaçaram as mangas para provocar este poderoso vendaval que varreu o país de cabo a rabo e que promete transformar radicalmente o panorama político, isto naturalmente se Bolsonaro abocanhar a faixa presidencial.
Em verdade, a população estava farta da interminável crise econômica, da falta de segurança e da corrupção generalizada.
Resolveram parar de queixar-se e partir para a ação, conseguindo, através do voto, um substancial renovação do Congresso Nacional além de despachar para a aposentadoria sanguessugas notórios como o clã Sarney e muitos outros.
Se eleito, Bolsonaro deverá governar com uma base de sustentação no mínimo inquietante: extrema direita, conservadores, militares, evangélicos, Bancada da Bala e dezenas de políticos oportunistas, sempre dispostos a aderir a quem lhes oferece uma vaguinha no ubre. Tenho o maior receio de que esta receita do bolo da vovó poderá causar uma baita dor de barriga.
Sem dúvida, Bolsonaro representa a volta da extrema direita ao cenário político nacional. Anestesiada desde o último suspiro da ditadura militar (64/86), desabrocha com renovado vigor sob a batuta do “comandante”, provocando adesões obsessivas e proselitismos messiânicos, como observamos em nossa cidade.
Não sabemos o que nos aguarda sob um eventual governo Bolsonaro, mas os sinais emitidos por alguns auxiliares são preocupantes: fechar o STF, proibir literatura e símbolos comunistas em território nacional, mudar a Constituição através de uma “Comissão de Notáveis” e assim por diante. Sentenciou, sabiamente, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso: “precisamos de defensores da democracia para evitar sair do rumo constitucional”. Realmente espero que, Bolsonaro, após sua posse, realize que liderar uma das maiores democracias do mundo é um pouco diferente do que comandar um quartel.
Estamos todos conscientes de que a situação econômica do país é gravíssima e que requer soluções urgentes. Além do mais, estamos saindo de uma campanha eleitoral dolorida, recheada de ódio, rancor, preconceito e intolerância e que até atentado teve, e que deixou feridas profundas e um país completamente dividido. Ao novo presidente caberá, antes de mais nada, o gesto de grandeza de um verdadeiro estadista, estendendo a mão para a reconciliação, para apaziguar os ânimos, curar as feridas e arregimentar os brasileiros de todas as colorações políticas para um único objetivo: a recuperação nacional.
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