O cataclisma

Tempo de leitura: 2 min

em 30/09/2022

O cataclisma

Impossível negar que neste primeiro turno das eleições presidenciais, um verdadeiro tsunami conservador varreu o Brasil de ponta a ponta, propiciando ao candidato da extrema direita, o capitão reformado Jair Bolsonaro (PSL), uma retumbante vitória sobre os outros candidatos, entre os quais o socialista Fernando Haddad, do PT, partido há décadas no poder e principal responsável pelas crises que se abatem sobre o nosso país.

Com 46,03% dos votos a seu favor, o “mito” – como também é chamado por seus seguidores -, capitalizou a frustração do povo com a classe política tradicional, a crise econômica, a falta de segurança, a crescente criminalidade e acima de tudo a profunda rejeição ao lulopetismo, responsável pela corrupção sistematizada que se instalou no país.

Com uma campanha agressiva, objetiva e clara, mormente centrada nas redes sociais, este candidato antissistema conseguiu convencer boa parte do eleitorado de que seria ele o elixir mais eficiente para sanar os males que afligem a nação e, a julgar pela avassaladora votação recebida no 1º turno, poderá tornar-se o próximo presidente da República Federativa do Brasil.

Com este prognóstico confirmado pelo segundo turno em fins de outubro, realizar-se-ia um importante deslocamento político-ideológico em nosso país: seríamos conduzidos da esquerda para a extrema direita, o que não deixa de preocupar os setores mais liberais e progressistas do país, como também a imprensa internacional, que vê em Bolsonaro um “Trump tropical” (The New York Times) e “Uma ameaça à democracia” (The Economist).

Tudo isto parece não preocupar o eleitorado do capitão, que nada mais quer do que livrar-se deste sofrido capítulo da historia contemporânea recente para inaugurar uma nova era voltada à honestidade, à ética, à segurança e ao crescimento econômico.

Em nossa cidade, o entusiasmo pelo candidato acabou tomando proporções de um verdadeiro surto, tendo alguns seguidores mais afoitos incorporado o personagem, sentindo-se mais Bolsonaro do que o próprio capitão. E foi assim, que às vésperas do primeiro turno, Brusque tornou-se um Canudos do Século XXl, com direito a Antônio Conselheiro, como manda o figurino.

Decididamente não vibro com estes exageros: criam expectativas que, quando não atendidas, podem transformar-se em frustração e revolta. Também encaro com reserva o uso excessivo do pavilhão verde amarelo bem como nosso Hino Nacional, que passaram a ser parte integrante de passeatas, carreatas e eventos eleitorais. Esses arroubos nacionalistas nos remetem automaticamente à Europa da década de 1930, quando se alçava da pia batismal o fascismo de Mussolini, o nazismo de Hitler e o franquismo na Espanha, ditaduras de triste memória para a humanidade.

O que não me parece democrático em Bolsonaro é a sua intolerância, seus preconceitos, sua inflexibilidade, sua falta de respeito aos seus adversários e sua inabalável presunção de que somente ele conhece o caminho da verdade, o que estigmatiza todos aqueles que não rezam por sua Bíblia, como cidadãos que não querem o bem do Brasil.

As dificuldades econômicas, a crise moral e ética e a divisão ideológica do país vão exigir uma grandeza extraordinária do futuro governo, bem como uma inesgotável disposição ao diálogo e à articulação. Esperamos que o futuro presidente não nos decepcione.

Dos brasileiros espera-se paciência, boa vontade e uma absoluta disposição para colaborar com o governo, independentemente do eleito, para que possamos voltar a ser um país progressista, digno de orgulho de todos os brasileiros.

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