Ninguém mais dúvida de que nosso país se encontra em estado de ebulição. Boa parte da população anda desiludida com o governo em Brasília que, apesar dos milhares de óbitos, continua com um militar comandando interinamente o Ministério da Saúde, mostrando-se também ressentida com a falta de uma política unificada e consistente no combate ao vírus bem como de uma fórmula para enfrentar a crise econômica e o desemprego.
Enquanto isso, os poderosos preferem ocupar-se com crises políticas, mormente causadas pelos avanços autoritários e embates ideológicos do presidente da República e de seu clã familiar.
Indiscutivelmente o bolsonarismo está entrando em crise e a familia do presidente começa a colher os frutos questionáveis semeados desde a sua ascensão em janeiro de 2019.
A julgar pelos inquéritos que pipocam nas instituições federais, fica a impressão de que a democracia verde-amarela cansou do permanente estado de beligerância imposto pelo presidente, com o seguinte recado: torne-se um presidente ou caia fora!
Dentre os inúmeros acontecimentos de relevo nas últimas semanas, destacaria a patética reunião ministerial, que nos mostrou ao vivo e em cores a falta de preparo, de talento e a total ausência da liturgia do cargo desta equipe encarregada de dirigir os destinos do país.
Sob o comando de um presidente agressivo e grosseiro, um apático e apatetado ministério teve que suportar uma saraivada de palavras de baixo calão, enquanto a ministra da Família, dona Damares, aquela da goiabeira, bradava freneticamente seu firme desejo de processar e enjaular prefeitos e governadores, por terem usurpado, através da quarentena, a liberdade da população.
Ricardo Salles, o ministro desmantelador de nossa política ambiental, surgiu com a supimpa ideia de que com a falta de cobertura da imprensa que só está interessada na Covid-19, poder-se-ia passar a boiada, ou seja, mudar o regimento e simplificar as normas que regulamentam a política ambiental. Ato da mais pura má-fé.
Abraham Weintraub, ministro da Educação e o mais reacionário naquele buquê de fundamentalistas, limitou-se a vociferar contra a comunista China, nosso maior cliente na compra de produtos made in Brazil, além de confessar que “gostaria de ver os vagabundos do STF na cadeia”, o que lhe valeu um convite para depor na Polícia Federal. Compareceu para não abrir a boca e ser condecorado por Bolsonaro com a Ordem do Mérito Naval, grau de grande oficial.
Creio ser mais fácil aprender o mandarim, língua chinesa, do que entender méritos e valores do governo Bolsonaro. A grande operação da Polícia federal contra a rede criminosa das Fake News promete emoções e desdobramentos. Numa operação autorizada por Alexandre de Morais do STF, a PF procedeu visitas às casas de 29 bolsonaristas, ativistas, parlamentares e empresários para recolher material que possa contribuir na identificação de quem produz, divulga e financia esta indústria do ódio, criada para mentir, distorcer, caluniar, destruir reputações de adversários politicos e instituições, como o Congresso e o STF, tudo recheado com muito ódio, num flagrante subversão da ordem.
Pelo que se sabe, as Fake News tem sua origem no Gabinete do ódio, localizado a pouco metros do gabinete presidencial, e comandado por seu filho Carlos. A transformação em 24 horas do respeitado Sergio Moro de herói em vilão não deixa de ser um comprovante da eficiência operacional do sistema.
Apesar das nuvens negras sobre a capital federal, Bolsonaro tem insistido em suas demonstrações antidemocráticas. No último fim de semana prestigiou uma demonstração na Praça dos Tres Poderes que exigia o fechamento do Congresso Nacional, do STF, a volta do AI-5 e uma intervenção militar. numa receita que estaria mais para a Cuba de Fidel do que para a democracia dos Estados Unidos da America. O presidente que se cuide, pois esta trilha desemboca num precipício!
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