Nestes derradeiros momentos do primeiro ano da gestão do presidente Jair Bolsonaro, vejo o governo central sob dois aspectos: o iluminado e o sombrio. Da parte iluminada fazem parte o Ministério da Economia de Guedes e o da Justiça de Moro, ambos com resultados positivos, aprovados pela maioria da população. Especialmente a Economia tem reagido positivamente às reformas e aos esforços do governo em destravar a burocracia estatal, o que tem resultado em prognósticos otimistas para o novo ano que se aproxima.
Sabemos que numa economia globalizada e extremamente competitiva, a “excelência” passa a ser um “must”, somente alcançável por cabeças adequadamente preparadas para enfrentar os desafios diários da pós-modernidade, que não poucas vezes nos causam perplexidade e confusão.
No preparo do brasileiro de amanhã reside, a meu ver, o lado sombrio do governo Bolsonaro que, por ser ideológico e dogmático, só se alimenta das “verdades” do populismo de direita, rejeitando definitivamente toda e qualquer ideia, tese ou força de trabalho que tenha transitado por governos esquerdistas. A ideia fixa de um golpe comunista iminente não abandona o nosso mandatário, convicto de que todas as cabeças pensantes como cientistas, universidades, classe artística, professores e imprensa estão contaminadas pelo germe vermelho, prontos para instalar um regime marxista para bani-lo do Palácio do Planalto. Em sua cruzada ideológica, Bolsonaro não hesitou em fechar o Ministério da Cultura, que agora virou secretaria como um penduricalho do Ministério do Turismo.
O recém-publicado relatório internacional do Pisa [Programa Internacional de Avaliação de Estudantes], que compara o desempenho de alunos de 15 anos em 79 países, comprova o desalento da Educação em nosso país, quando mais de 50% dos alunos não alcançaram o desempenho mínimo exigido internacionalmente em leitura, matemática e ciências. O Ministro da Educação, Abraham Weintraub, discípulo de Olavo de Carvalho, guru do regime, culpa o PT pelo desastre e oferece como salvação a implantação gradativa, a partir de 2020, de Escolas Cívico-Militares em todo o território nacional. Ainda continuo apostando nas soluções locais e creio que em Brusque estaremos mais bem servidos com nosso Cônsul e São Luiz, pois tomando a prole presidencial como amostra, temos um exemplo consistente de que a pedagogia espartana não necessariamente atua com a mesma eficiência nos diferentes intelectos humanos.
O Ministério da Educação, pelo qual já transitaram dois ministros na atual gestão, continua paralisado por motivos alheios à educação, pois os órgãos públicos de cultura estão passando por um aparelhamento ideológico, sendo preenchidos, majoritariamente, com nomes sem qualificação para o exercício da função: assim Dante Mantovani, presidente da Funarte, defende que a terra é plana, que o rock induz às drogas, sexo livre e satanismo e que os Beatles eram comunistas. Já Roberto Alvim, secretário especial da Cultura, sonha com “uma classe artística nacional alinhada aos valores do nosso presidente Bolsonaro!”.
Na semana que findou, Bolsonaro afirmou numa cerimônia de graduação de aspirantes na base aérea de Pirassununga que “em meu governo o Brasil terá destaque internacional, pois respeitamos a família, honramos os militares e adoramos a Deus!”. Acertou na forma, mas enganou-se no fundo, pois acaba de ser denunciado no Tribunal Penal Internacional de Haia por incitar o genocídio dos povos indígenas e promover o desmonte proposital dos aparelhos de fiscalização ambiental e proteção dos povos indígenas.
Que o ano de 2020 nos traga muito sol, capaz de despachar para o infinito as nuvens negras que ainda insistem em macular nosso horizonte! Um Feliz Natal!
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