Em 22 de agosto completaram-se os primeiros 600 dias de governo de Jair Bolsonaro, “o melhor presidente que o Brasil já teve”, para os seus seguidores e um tosco, mal-educado, grosseirão, imprevisível e inepto para aqueles que não rezam pela sua cartilha.
Um ilustre desconhecido para o grande público, Bolsonaro não foi eleito por suas eventuais qualidades, mas acabou como favorito do eleitorado em função de seu potencial em produzir mudanças, varrendo do cenário político um partido que já não correspondia mais às aspirações da maioria da população.
O mais significativo feito do presidente nesses 600 dias iniciais de sua gestão foi dividir ideologicamente a nação brasileira em “nós” e eles”.
O “nós” seriam os bons, os patriotas, adeptos de um autoritarismo conservador e uma economia liberal, reunindo em suas fileiras fatias significativas do empresariado, da classe média, todos os movimentos evangélicos e um caudal de surdos e cegos, cuja única função consiste em aplaudir freneticamente as sandices do “mito”, que tanto mal fazem à democracia no país.
Os “eles” seriam os 70% de brasileiros democratas, obviamente “do mal” e classificados como quinta coluna, comunistas, esquerdopatas, ladrões, corruptos e preguiçosos pelos detentores do poder.
A força motriz do bolsonarismo reside nas redes sociais, onde conseguiram montar uma azeitada e eficiente rede de propaganda, especializada em fake news e com o objetivo específico de repetir, à exaustão, as falcaturas do Partido dos Trabalhadores, reais e inventadas, para convencer a população de que Bolsonaro é a única alternativa segura para manter Lula afastado do poder.
Observa-se, com crescente estranheza, que os implacáveis guardiões da moralidade bolsonarista, permanentemente de plantão nas redes sociais, permanecem num silencio sepulcral sobre o caso Queiroz, as rachadinhas, a loja de chocolates, os depósitos na conta da primeira-dama bem como o caso daquele militar da comitiva presidencial, preso na Espanha com a mala abarrotada de drogas na viagem para a reunião do G7 em Tóquio.
Continua no xilindró, mas contabilizando mensalmente o seu polpudo salário como membro das Forças Armadas da República Federativa do Brasil.
Jair Messias cultiva algumas ideias fixas dentre as quais predomina a certeza de uma iminente revolução comunista em nosso país, bem como a convicção de que todos, exceptuando os seus seguidores, trabalham contra o país e querem derrubar o seu governo. Possivelmente foi este enfoque que o induziu a transferir bilhões de reais do orçamento do Ministério da Educação para a Defesa, agora muito mais gordo do que aquele que deve modelar as cabeças dos brasileiros de amanhã.
Se analisarmos acuradamente os 600 dias iniciais do governo Bolsonaro, veremos que o “Mito” enrolou o eleitorado com uma bem bolada e eficiente propaganda. Prometeu ser o presidente de todos os brasileiros, governar sem viés ideológico, não negociar ministérios, estatais e bancos “por estar aí o poço da corrupção” . tendo também prometido uma “excelente Reforma Política para acabar com o estatuto da reeleição”
Sem dúvida alguma, temos aqui um prato cheio para o Procon.
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