Antes tarde do que nunca chegamos ao final de um ano penoso, dominado por uma devastadora pandemia que, além de nos privar de nossas liberdades básicas, ceiva entes queridos e ainda ameaça nos brindar com uma crise econômica sem precedentes.
Apesar do anúncio de nosso presidente da República de que “estamos no finalzinho da pandemia”, a situação em nosso país nunca foi tão desesperadora como agora: infecções e óbitos em ritmo crescente em praticamente todos os estados, levaram a rede hospitalar à beira de um colapso, com os corredores abarrotados de vítimas do vírus, à espera de uma vaga em uma UTI salvadora.
Não constitui segredo para ninguém que o negacionismo presidencial contribuiu poderosamente para o descontrole atual da pandemia, pois desde os primórdios Bolsonaro catalogou a Covid como “uma gripezinha”, desacreditando o uso de máscaras, o distanciamento social e a quarentena, defendendo a tese de que somente os idosos deveriam isolar-se em casa, enquanto que o restante da população continuaria em sua vida normal, num confronto total com tudo aquilo que a ciência recomendava.
Apesar de sua íntima ligação com o fundamentalismo evangélico, Bolsonaro não tem mostrado interesse pela pandemia e nem pela vida dos brasileiros, pois já se encontra em plena campanha eleitoral para as eleições presidenciais de 2022, cruzando o país de cabo a rabo, para curtir aglomerações em formaturas de militares, eventos religiosos e inauguração de obras. Tudo sem o uso da máscara, como seria de esperar.
Seu visceral desprezo pela ciência, seu total descaso por um plano de vacinação nacional e a consequente politização do tema, bem como sua obsessão como menino propaganda da comprovadamente ineficaz cloroquina, lhe renderam um comunicado da Associação Nacional de Medicina, que classifica a sua política de combate ao vírus de “suicida e criminosa” além de manifestar “enorme indignação pelo descaso, descuido e negligência do governo e da classe política, omissos a servis interesses eleitorais, e menosprezando a vida dos cidadãos”. Ressalte-se que um vago plano de vacinação só viu a luz do dia após um ultimato de 48 horas do STF ao Ministério da Saúde.
As teses negacionistas de Jair Messias encontraram um fiel auditório em nossa cidade que recebeu Bolsonaro de braços abertos e, onde ainda hoje, um significativo número de cidadãos, supostamente esclarecidos e bem informados, jura de pés juntos que os 182 mil óbitos oficiais da Covid são fake, tendo a maioria parecido de câncer, Aids, febre amarela e outras doenças de praxe.
Bolsonaro já declarou que não se vacinará, deplorável exemplo num país onde centenas morrem diariamente. Seu exemplo deverá servir para reforçar a afirmação recente da ministra Damares Alves, aquela da goiabeira, de que “o Brasil necessitava de um presidente macho”.
O vírus continua por aí, firme e forte, e disposto a carregar para alhures quem bobear no caminho. Disciplina, cuidado e responsabilidade são exigidos de todos aqueles que querem usufruir de uma vacina num futuro próximo.
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