Certamente ninguém vai discordar da afirmação de que as eleições municipais de 2020 foram excepcionalmente tranquilas, tanto no país como em nossa cidade. O que incomodou um pouquinho foi a lerdeza do Tribunal Superior Eleitoral em divulgar os resultados, consequência, segundo eles, da invasão ao sistema eleitoral por hackers estrangeiros.
A minha intuição, que costuma enganar-se com certa regularidade, me sinaliza que por aí andou o dedo de Bozo que, roxo de inveja do Trump, que conseguiu embaralhar o sistema eleitoral americano, quis nos brindar com algo semelhante, mais ameno com certeza, pois a “força total” será demonstrada nas eleições presidenciais de 2022.
Para os brusquenses, a vitória de Vequi não foi uma grande surpresa, pois as pesquisas já revelavam um certo favoritismo do candidato. Surpresa total, no entanto, foi o quase milagroso nocaute em dois pesos pesados da política local, ambos com passagens pelo Paço: o competente Paulo Eccel e o carismático Ciro Roza, cujos votos somados resultaram inferiores aos sufrágios que garantiram a Vequi a titularidade na prefeitura.
De imediato esquentei minha moringa, consultei videntes e astrólogo para descobrir o que tanto entusiasmara os eleitores nesse burocrata sem muito sal nem pimenta e aparentemente incapaz de incendiar multidões com seus discursos focados, mas desprovidos de cores e emoções.
Teria sido a sua profícua participação na matizada gestão do Dr. Jonas Paegle que, além de reiniciar as obras da Beira Rio, pontuou significativamente com uma eficiente Secretaria de Saúde, nas mãos seguras de Humberto Fornari, ou por ter mantido uma prudente e saudável distância da polarização ideológica que tomou conta da cidade.
Alguns neurônios ainda ativos conseguiram me convencer de que deve-se majoritariamente aos evangélicos a retumbante vitória do futuro prefeito, pois, além de cerrar fileiras em torno de seu projeto político, conseguiram, através das conexões privilegiadas com o andar de cima, sensibilizar o poderoso Arcanjo Gabriel, que sem pestanejar, providenciou uma volumosa chuva de bufunfa, que além de vitaminar a candidatura, abriu-lhe os portões do Paço municipal.
Diferentemente da maioria das cidades, Brusque votou ideologicamente, o que não deixa de ser natural numa cidade conservadora, onde 59% se dizem satisfeitos com a atuação do governo federal.
De um modo geral, as eleições municipais nos comprovaram um declínio do bolsonarismo como também do PT, uma valorização das posições centristas e uma saudável volta ao diálogo, banido da cena desde a eleição presidencial de 2018.
Ari Vequi poderá ser um bom prefeito para Brusque, pois possui e domina os instrumentos necessários para executar com sucesso a sua missão. Deverá, no entanto, continuar sendo o Ari Vequi da eleição, pois foi a ele que os brusquenses confiaram a administração da cidade pelos próximos quatro anos.
Deixe um comentário