O novo ano que acaba de aportar já nos surpreendeu com algumas novidades promissoras que, se concretizadas, deverão promover algumas significativas melhorias no dia a dia dos brusquenses, pois enquanto uma dinâmica equipe de estudantes de Arquitetura da Unifebe trabalha num criativo projeto de repaginação de nossa cidade, nosso governador barriga-verde resolveu abrir a burra mór do estado, para liberar uma substancial quantia destinada ao aprimoramento da pouco sofisticada infraestrutura da cidade.
Sabemos, contudo, que nem todo dia é de festa, e confesso que a demolição do icônico Hotel Schneider, na semana passada, me deixou num estado de profunda decepção e tristeza, certamente por testemunhar o desaparecimento de mais uma peça fundamental do já tão depenado panorama histórico brusquense.
A eliminação pura e simples desta obra arquitetônica, uma das mais antigas da cidade e um exemplar amostra dos elegantes traços do classicismo oitocentista, constituiu uma agressão à cidade, à sua identidade cultural, e ao seu patrimônio histórico e, inquestionavelmente, foi mais um gol contra do nosso Conselho Municipal de Patrimônio Histórico, o Comupa.
Presente em quase todos os municípios brasileiros, esta entidade pública tem como objetivo primordial zelar rigorosamente pela conservação do patrimônio histórico, artístico e cultural das cidades, a fim de manter blindadas a identidade cultural e a originalidade dos locais onde atuam.
Ao que tudo indica, o órgão local tem dificuldades em concretizar o que dele se espera, pois durante décadas os mais importantes casarões da cidade sumiram, majoritariamente na calada da noite, sem que uma autoridade emitisse um pio ou alavancasse as leis que punem severamente a destruição de nossa carteira de identidade cultural.
Em novembro de 2021, o órgão envolveu-se em outro imbróglio questionável, ao excluir de seu catálogo de bens de interesse do município de Brusque, que reúne tudo que é importante em nossa história, a preciosa Villa Gouchy, erguida nos primórdios do século passado nas colinas da avenida Primeiro de Maio, e residência do Cônsul Carlos Renaux, bem como a Villa Ida, joia localizada nos jardins da antiga Fábrica Renaux, no mesmo bairro.
Isto significa, segundo análise e julgamento de nosso Comupa, que estas duas Villas não têm (mais) valor histórico, podem ser demolidas, e estão ali à disposição “do que der e vier”.
Das duas, uma: ou faltam ao Comupa os predicados técnicos e culturais necessários para avaliar e decidir sobre o que tem valor histórico ou não, ou estamos sendo vítimas de um “modus operandi” muito em voga nas administrações bolsonaristas: “um manda e o outro obedece”.
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