Em entrevista ao JN, Ciro ataca Centrão e “polarização odienta”

Tempo de leitura: 4 min

em 24/08/2022

Presidenciável volta a equiparar Lula e Bolsonaro e critica a "adesão vexaminosa e corrupta" ao grupo de apoio ao governo no Congresso. Ele promete adotar plebiscito para governar e defende projeto de renda mínima

Em entrevista ao JN, Ciro ataca Centrão e “polarização odienta”

Candidato do PDT ao Palácio do Planalto, o ex-governador Ciro Gomes criticou o que chamou de “polarização odienta” entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL), líderes das pesquisas de intenção de voto para outubro, e voltou a equiparar os governos dos dois rivais.

“Estou tentando mostrar ao povo brasileiro que essa polarização odienta, que não ajudei a construir, pelo contrário, eu estava lá em 2018, tentando advertir que as pessoas não podiam usar a promessa enganosa do Bolsonaro para repudiar a corrupção generalizada e o colapso econômico gravíssimo que foram produzidos pelo PT. Agora, está tentando reproduzir uma espécie de 2018”, afirmou Ciro, ontem, na sabatina do Jornal Nacional.

Na entrevista, o presidenciável se referiu a Bolsonaro como “genocida” e usou frases como “roubalheira do Lula e do PT”, mas em tom mais ameno e com menos frequência do que costuma fazer. Entretanto, afirmou que a corrupção é “feita por pessoas” e que é preciso apontá-las.

“Pretendo unir o Brasil ao redor de um projeto e tenho o diagnóstico que o país vive a mais grave crise, no que diz respeito à fome e ao emprego. Trinta e três milhões de pessoas estão com fome e 120 milhões não fizeram as três refeições hoje. Determinados grupos políticos são responsáveis por essa tragédia”, enfatizou. “Acho, francamente, que a maior ameaça à democracia é o fracasso dela na vida do povo, mas vou me esforçar para unir e reconciliar o Brasil.”

O ex-governador prometeu, se eleito, alterar o modelo político do Brasil com a adoção de plebiscitos programáticos para definir os projetos de suma importância para o país. Na avaliação de Ciro Gomes, a medida será um mecanismo eficaz para driblar o fisiologismo do Centrão no Congresso. Ele frisou que, desde a redemocratização, todos os presidentes precisaram se aliar ao grupo político, o que acabou resultando em corrupção e ineficiência.

“É o que se convencionou chamar de presidencialismo de coalizão ou essa adesão vexaminosa e corrupta ao Centrão. Eu quero propor as ideias, e não o ‘deixa que eu chuto’, que tem sido a característica do populismo dos dois lados, de esquerda e direita”, destacou.

Ciro também acusou o PT de reproduzir modelos de gestão “abomináveis” como os da Venezuela e da Nicarágua. “Acho o regime da Venezuela abominável, então é muito clara a minha distinção com esse populismo sul-americano que, infelizmente, o PT replica aqui”, disse. “(O plebiscito) É uma tentativa de libertar o Brasil de uma crise que corrompeu organicamente a Presidência da República. (…) Nós chegamos ao limite da emenda de relator, que é um negócio que formalizou…. Eu vi ontem (segunda-feira) o cidadão (Bolsonaro) aqui falando que não tem corrupção. A corrupção no Brasil está se institucionalizando tal é o despudor”, acrescentou.

Assistência social

Um dos pontos principais do projeto de governo de Ciro é o auxílio permanente de R$ 1 mil para famílias em situação de vulnerabilidade. Perguntado sobre os meios para tirar o programa do papel, o presidencial afirmou que vai unir outros benefícios sociais e criará um imposto incidente sobre fortunas superiores a R$ 20 milhões. O projeto receberia o nome do vereador Eduardo Suplicy (PT), autor da ideia.

“Só 58 mil brasileiros têm um patrimônio superior a R$ 20 milhões, o que quer dizer o seguinte: cada super-rico no Brasil vai ajudar a financiar, com R$ 0,50 apenas de cada R$ 100 de sua fortuna a sobrevivência digna de 821 brasileiros abaixo da linha da pobreza. Aqueles domicílios que as pessoas ganham aproximadamente R$ 417 por cabeça por mês”, explicou.

O candidato disse que reunirá todos os programas de transferência de renda, especialmente o novo Bolsa Família, que é o Auxílio Brasil, e transformará num direito previdenciário constitucional. “Ninguém mais vai depender de político A ou político B, como está acontecendo. Ameaças e tentativas de manipular o sofrimento mais humilhado do nosso povo”, criticou.

Reeleição

O postulante ao Planalto também comentou a respeito de ser contra a reeleição. Sustentou que o mecanismo foi o que destruiu o modelo de governança política que ele quer alterar. “O presidente fica com medo dos conflitos, porque quer agradar todo mundo para fazer a reeleição. O presidente se vende a esses grupos picaretas da política brasileira — desculpe a expressão —, de pouco escrúpulo republicano, porque tem medo de CPI (comissão parlamentar de inquérito) e porque quer se reeleger”, disse Ciro Gomes.

“A minha diferença é que o Bolsonaro, por exemplo, denunciou isso, e fez o oposto do que denunciou. A minha diferença é que o PT fez o tempo inteiro a denúncia da corrupção dos outros e depois negociou exatamente nas mesmas bases. Eu estou anunciando humildemente que quem quer que o povo eleja, é com eles que eu vou negociar”, prometeu.

Outros temas abordados durante a entrevista foram as propostas para o meio ambiente, emergência climática, segurança pública e educação.

Fonte: Correio Braziliense.

Você vai gostar também:

Para enviar seu comentário, preencha os campos abaixo:

Deixe um comentário


*


*


Seja o primeiro a comentar!

Damos valor à sua privacidade

Nós e os nossos parceiros armazenamos ou acedemos a informações dos dispositivos, tais como cookies, e processamos dados pessoais, tais como identificadores exclusivos e informações padrão enviadas pelos dispositivos, para as finalidades descritas abaixo. Poderá clicar para consentir o processamento por nossa parte e pela parte dos nossos parceiros para tais finalidades. Em alternativa, poderá clicar para recusar o consentimento, ou aceder a informações mais pormenorizadas e alterar as suas preferências antes de dar consentimento. As suas preferências serão aplicadas apenas a este website.

Cookies estritamente necessários

Estes cookies são necessários para que o website funcione e não podem ser desligados nos nossos sistemas. Normalmente, eles só são configurados em resposta a ações levadas a cabo por si e que correspondem a uma solicitação de serviços, tais como definir as suas preferências de privacidade, iniciar sessão ou preencher formulários. Pode configurar o seu navegador para bloquear ou alertá-lo(a) sobre esses cookies, mas algumas partes do website não funcionarão. Estes cookies não armazenam qualquer informação pessoal identificável.

Cookies de desempenho

Estes cookies permitem-nos contar visitas e fontes de tráfego, para que possamos medir e melhorar o desempenho do nosso website. Eles ajudam-nos a saber quais são as páginas mais e menos populares e a ver como os visitantes se movimentam pelo website. Todas as informações recolhidas por estes cookies são agregadas e, por conseguinte, anónimas. Se não permitir estes cookies, não saberemos quando visitou o nosso site.

Cookies de funcionalidade

Estes cookies permitem que o site forneça uma funcionalidade e personalização melhoradas. Podem ser estabelecidos por nós ou por fornecedores externos cujos serviços adicionámos às nossas páginas. Se não permitir estes cookies algumas destas funcionalidades, ou mesmo todas, podem não atuar corretamente.

Cookies de publicidade

Estes cookies podem ser estabelecidos através do nosso site pelos nossos parceiros de publicidade. Podem ser usados por essas empresas para construir um perfil sobre os seus interesses e mostrar-lhe anúncios relevantes em outros websites. Eles não armazenam diretamente informações pessoais, mas são baseados na identificação exclusiva do seu navegador e dispositivo de internet. Se não permitir estes cookies, terá menos publicidade direcionada.