Inadimplência bate recorde e 65 milhões de brasileiros estão com nome sujo

Tempo de leitura: 3 min

em 22/11/2022

Quase 65 milhões de brasileiros estavam com o nome sujo em serviços de proteção ao crédito em outubro. Número é recorde

Inadimplência bate recorde e 65 milhões de brasileiros estão com nome sujo

Quatro em cada dez brasileiros adultos (40,05%) estavam negativados em outubro, o equivalente a 64,87 milhões de pessoas. Segundo levantamento realizado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), este é o novo recorde da série histórica da pesquisa, realizada há oito anos.

No último mês, o volume de consumidores com contas atrasadas cresceu 9,24% em relação ao mesmo período do ano anterior. “O brasileiro ainda sente no bolso os efeitos dos últimos aumentos das taxas de juros e dos preços dos alimentos. Apesar de a inflação ter diminuído, no dia a dia isso ainda não é sentido nos produtos de consumo básico, que seguem aumentando. Esse cenário impacta diretamente no orçamento familiar”, observou o presidente da CNDL, José César da Costa.

O crescimento do indicador anual se concentrou no aumento de inclusões de devedores com tempo de inadimplência de 91 dias a um ano. O número de devedores com participação mais expressiva no Brasil em outubro está na faixa etária de 30 a 39 anos (23,92%): são 16,07 milhões de pessoas registradas em cadastro de devedores nesta faixa.

O produtor de eventos Davi Brandão, de 35 anos, acabou caindo na inadimplência com a perda de receitas com a pandemia, durante o período de isolamento social. “Compromissos como aluguel, condomínio, contas básicas foram acumulando e, verdadeiramente, resultando em uma bola de neve. Como renegociação, o primeiro passo foi entregar o apartamento, retornando para o suporte familiar, onde estou até hoje, para me restabelecer financeiramente”, contou.

Brandão disse que sua renda neste fim de ano terá um destino diferente. “Certamente, não será destinada ao lazer, pois tenho algumas pendências ainda, como o pagamento de uma dívida protestada em cartório — fui acionado porque os recursos acabaram na época”, concluiu.

O valor médio da dívida de cada consumidor negativado, em outubro, foi de R$ 3.694,06. Cada inadimplente devia, em média, para 1,98 empresas credoras. Houve uma evolução das dívidas com o setor de bancos, que aumentou 31,82%, seguido de água e luz, com 14,39%. A inadimplência também segue bem distribuída entre os sexos, sendo 50,85% mulheres e 49,15% homens.

A dona de casa Adriana Faria, 42 anos, ficou com as contas de casa comprometidas depois da separação de marido. “Eu me separei há pouco tempo, ainda não me divorciei, e meu ex-marido ainda paga minhas despesas. Só que ele tem passado por dificuldades financeiras e, com isso, eu também. Pago aluguel, tive que me mudar para um apartamento mais barato e estou inadimplente com duas contas de luz do local em que morava antes, além da fatura do cartão de crédito”, disse.

economia dividas
economia dividas(foto: pacifico)

Priorizar contas

O pagamento do 13º salário, segundo a especialista em finanças da CNDL Merula Borges, deve trazer alívio aos devedores, como uma oportunidade de quitar seus débitos. “O momento é de priorizar as contas e não esquecer dos pagamentos extras do início do ano. As datas comemorativas podem ser uma tentação, mas é importante resistir às compras por impulso para manter o orçamento e fechar o ano sem dívidas”, afirmou.

O especialista em finanças e diretor financeiro da plataforma de pagamento Bagy, Tiago Amaral, destacou a importância de usar a renda extra de fim de ano com muita responsabilidade, priorizando o pagamento de dívidas. “Temos muitas festividades neste fim de ano, como Copa do Mundo, Natal, e a Black Friday. De certa forma, ainda temos uma demanda reprimida da pandemia junto ao desejo de consumir. Mas o princípio básico é não gastar mais do que você ganha e tentar quitar parcelas”, destacou.

Diante do cenário econômico, a expectativa é de que a inadimplência se mantenha alta nos próximos meses, conforme alertou o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior. “Até agora o consumo foi garantido pelo ímpeto do pós-pandemia e por estímulos fiscais, mas esse ritmo deve enfraquecer”, afirmou.

Fonte: Correio Braziliense.

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