Região do Atlântico no geral tem "baixíssimas" chances de tsunamis, explicam especialistas
Após o governo das Ilhas Canárias afirmar que monitora atividades sísmicas no vulcão Cumbre Vieja, localizado na ilha de La Palma, especialistas descartam a possibilidade da ocorrência de um tsunami na costa brasileira, que compartilha o Oceano Atlântico com as ilhas.
Para Marcelo Assumpção, professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG/USP), um tsunami poderia chegar ao Brasil apenas se a atividade vulcânica fosse “excepcional” ao nível de derrubar uma parte da Ilha, provocando um deslizamento gigantesco em direção ao mar.
Este não é o caso: segundo comitê científico do Plano Especial de Proteção Civil e Atenção às Emergências de Risco Vulcânico das Ilhas Canárias (Pevolca), os tremores identificados arrefeceram nesta sexta-feira (17) e continuam no estágio amarelo de alerta, o segundo menor.
Nesse patamar, o governo das Ilhas Canárias não descarta que a população sinta tremores de maiores intensidades em solo, mas nem essa hipótese é ainda uma realidade.
Tanto Assumpção quanto outros geólogos analisaram o tema para o Observatório Nacional, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), nesta sexta.
“Esse assunto foi discutido na mídia uns 20 ou 30 anos atrás, quando foi publicado um trabalho de geólogos americanos sobre a possibilidade de desabamento de uma parte da ilha provocar um tsunami no Brasil”, disse Assumpção ao Observatório.
“Na época, a conclusão foi de que a probabilidade de que o deslizamento fosse suficientemente grande para provocar um tsunami perigoso era muito pequena”, completou.
Para Aderson Nascimento, coordenador do Laboratório Sismológico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, as atividades sísmicas nas Ilhas Canárias são frequentes, e são monitoradas regularmente para munir os governos de todas as informações necessárias.
“Na região do Atlântico, não existe nenhum sistema de alerta de tsunami porque o risco é baixíssimo para isso ocorrer”, destaca. “No caso do Brasil, o risco é muito pequeno”.
“Para emitir um alerta de tsunami, é preciso saber qual foi terremoto, que tipo de fenômeno provocou o tsunami, para poder calcular com esse tsunami vai se propagar e, tão importante quanto isso, é saber como essas ondas, de um eventual tsunami, vão chegar às costas dos países”, explica Nascimento.
O especialista também destaca que a Rede Sismográfica Brasileira, que identifica tremores sísmicos também no território nacional, tem um papel de destaque neste quesito porque monitoraria imediatamente qualquer sinal de alarme registrado nas estações.
O comitê de monitoramento das Canárias deve indicar permanência no nível amarelo devido a atividades registradas em pontos com 6 e 8 quilômetros de profundidade, além de tremores mais superficiais.
Uma nova reunião para um possível remanejamento de status está prevista para o sábado (18).
Fonte: CNN Brasil.
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