Aconteceu! Com pompa e circunstância, Bolsonaro lançou o seu partido político, uma aliança de Cavaleiros do Santo Graal com os Cruzados da Bancada da Bala, tudo sob os auspícios e bênçãos do onipresente bispo Edir Macedo.
O lema do partido, “Deus, Pátria e Familia”, logo passará a ser “Deus, Família e Porrada”, pois o Deus parece ser aquele bravo do Velho Testamento e a turma está mais para um “Partido do Neurônio Inoperante” do que para uma “Aliança pelo Brasil”. Lula que se cuide, pois vem chumbo grosso por aí e quando abrir os olhos e cair em si vai voltar correndo para Curitiba.
O código comportamental da legenda leva a assinatura de dona Damares, aquela da goiabeira, e dizem ser igualzinho àquele que vigorava no Mayflower, aquela caravela que em 1620 levou os primeiros imigrantes puritanos da Inglaterra para os Estados Unidos. E não se trata de cópia.
O lançamento oficial da sigla, num hotel de luxo de Brasilia, reuniu a fina flor da política e empresariado bolsonarista que, em inesperados e pungentes momentos de contrição religiosa, louvava Deus e o mito aos gritos e suspiros, com as mãos brandindo as Sagradas Escrituras. Talvez estejamos tendo a oportunidade única de presenciar o renascer de uma nova Canudos ou a volta de um Antonio Conselheiro da Moderna.
A “Aliança pelo Brasil” foi concebida à imagem e semelhança de seu titular, com um ideário de extrema direita, até o momento desconhecido em nosso país: fervor religioso, armamentismo, combate ao comunismo e globalismo, desprezo pelas minorias e direitos humanos, militarismo com elogios a ditaduras e torturadores e uma pauta de costumes que nos remete aos idos de 30 do século passado, quando florescia o Franquismo em terras da Espanha, são as diretrizes que orientam o novo partido.
A “Aliança” não deixa de ser uma depuração do Bolsonarismo, e dela só participarão “poucos e bons”, confiáveis e alinhados, que estarão sujeitos ao absoluto controle político, financeiro e ideológico da família.
A nova agremiação inspirou-se na programática da antiga Arena (Aliança Renovadora Nacional), criada em 1966 para dar sustentação política ao regime militar e, segundo Bolsonaro, “o novo partido dará oportunidade de união aos brasileiros do bem”, o que nos faz perguntar: quem não se filia é “do mal”?
Quando Bolsonaro se refere à “família”, lema do partido, deve pensar somente na sua, pois com a maior naturalidade autoproclamou-se presidente da sigla, nomeou Flávio, o 01, como vice, Eduardo, o 03, como ideólogo e pasmem: Jair Renan, o 04, vogal da agremiação.
Recém-chegado ao pedaço, o caçula ainda não teve oportunidade de arreganhar os dentes, de forma que ainda não sabemos se temos mais um pitbull ou um Lulu da Pomerânia na parada. Sentimos a ausência de mamma Miquelina que, imaginamos, logo deverá integrar o Comitê Central do Bolsonarismo Tupiniquim.
Aguarda-se, com curiosidade, o impacto do novo partido na política brusquense, cidade que abriga um sólido núcleo de admiradores do autoritarismo do Planalto.
Legenda eminentemente personalista, o entusiasmo pelo partido e a longevidade da agremiação não dependerão unicamente de posturas político/ideológicas, mas principalmente do sucesso das reformas de Guedes e da consequente popularidade de Bolsonaro.
Tranquilizante observar que, apesar das inúmeras investidas autoritárias do poder central, as instituições democráticas têm se mostrado firmes, robustas e em pleno funcionamento. Melhor assim.
Deixe um comentário