A união faz a força

Tempo de leitura: 2 min

em 28/08/2022

A união faz a força

Na formação de seu governo, Jair Bolsonaro nunca demonstrou preocupação maior com a qualidade técnica ou intelectual de seu primeiro escalão e, com exceção de Paulo Guedes e Sergio Moro, suas escolhas sempre foram ideológicas, mormente ultraconservadoras e preferencialmente pinçadas das cristaleiras das casernas e do campo religioso.

Como resultado, postos chaves para o desenvolvimento nacional acabaram nas mãos de nulidades funcionais, cujo objetivo primordial, além da fidelidade canina ao líder, consistia em eliminar da máquina estatal todos aqueles que não aplaudem o autoritarismo belicoso do grupo no poder.

Educação, Saúde, Meio Ambiente e Cultura foram e são as maiores vítimas dos exercícios ideológicos do presidente, tendo o Ministério da Educação consumido quatro ministros em 21 meses de gestão, todos filhotes ideológicos do reacionário Olavo de Carvalho, guru oficial e mentor intelectual da família presidencial. Ineptos e sem afinidade com a pasta, conseguiram travar completamente o sistema educacional do país.

O atual ministro, o pastor evangélico Milton Ribeiro, há pouquíssimo tempo na função, já conseguiu armar um furdunço ao defender o castigo corporal na educação das crianças bem como encampar a tese de que a homossexualidade seria o fruto de famílias desajustadas.

Não há dúvida de que com a controvertida Damares Alves, ministra da Família e da Mulher, que conversou com Deus no alto de uma goiabeira, Milton Ribeiro compõe um par de vasos representativo do obscurantismo místico que ameaça envolver o governo de Jair Messias.

Durante décadas, políticos, especialistas e pedagogos esquentaram a moringa para descobrir se seria melhor educar crianças com deficiência em escolas separadas, especializadas, ou se seria mais eficiente construir escolas com recurso físico e pedagógico, aptas a receber e atender a contento todos os tipos de crianças.

Nesse embate entre o método tradicional da “educação separada” e o compromisso com a moderna “educação inclusiva” prevaleceu a última. Desta forma, a nossa Constituição de 1988 estabeleceu que “alunos com deficiências deveriam ser atendidos preferencialmente pela rede regular de ensino”, tendo a “Convenção dos Direitos das Pessoas com deficiência” sido incorporada à Constituição em 2006. Desta forma, já em 2008, 54% dos alunos deficientes frequentavam escolas regulares, passando a expressivos 89% em 2019.

Neste contexto, o país viu-se surpreendido por um decreto presidencial que, atendendo uma solicitação do Ministério da Educação, obriga estados e municípios a providenciar ensino exclusivo para alunos com autismo e deficiências o que, decididamente, é um recuo histórico na educação brasileira.

Comprovado está que o convívio com a diferença estimula o desenvolvimento de quem tem a deficiência e ensina aos demais a arte de conviver, mas ao que tudo indica, as autoridades do momento ainda não descobriram esta regra básica da ciência de educar. Especialistas e politicos já se movimentam para derrubar o decreto.

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