Dois acontecimentos extremamente fortes abalaram a vida emocional da população nos idos de agosto e nos primórdios de setembro: o incêndio do Museu Nacional no Rio de Janeiro e o atentado ao candidato da extrema direita à Presidência da República, Jair Bolsonaro.
Além de muito mais, a perda total do insubstituível acervo do museu acaba de nos privar de nossa identidade cultural e passa a ser o testemunho eloquente do descaso total dos governos com a nossa cultura.
Já os trágicos e inadmissíveis acontecimentos de Juiz de Fora, que tornaram o candidato Bolsonaro vítima de um atentado, reintroduziram definitivamente a violência na política nacional, além de ferir profundamente a já abalada democracia da nação.
Temos plena consciência que o exercício da democracia nunca foi uma tarefa simples: significa aprender a escutar, avaliar, dialogar e principalmente respeitar e tolerar ideias e concepções diferentes, sem apelar à agressividade e violência para com aqueles que pensam de outra forma. Infelizmente, não é o que se observa neste momento em nosso país.
Há muito sentíamos a polarização política no Brasil alcançar dimensão alarmante: esquerda contra direita, Lula contra Bolsonaro e ambos os lados fartamente alimentados com notícias “fakes” e discursos agressivos, carregados de ódio, principalmente nas redes sociais.
A cientista política Hannah Arendt afirma que “o vácuo de idéias é o lugar ideal para acolher o mal e banalizar a violência”. É o que está acontecendo conosco.
Decididamente, nada justifica uma agressão física, mas temos que concordar que Bolsonaro “vive cutucando a onça com vara curta”. Suas ideias e posturas sempre polêmicas, truculentas e radicais, passam ao eleitorado a certeza de vai resolver nossos problemas na base da porrada e do chute. Resta perguntar, como?
Sua candidatura baseia-se nos “antis”: anti-Lula, PT, esquerdas, imprensa, TV Globo, pesquisas eleitorais, enfim, na visão do candidato só é bom para o Brasil quem pensa igual a ele: o resto é lixo comunista.
Bolsonaro fala em armar a população, matar a petralhada a tiros, fuzilar Fernando Henrique Cardoso, fechar o Congresso Nacional, além de endeusar a ditadura militar de 1964 e seu torturador mór, coronel Ustra.
Por mais estranho que possa parecer, as suas propostas exóticas acabam empolgando significativos segmentos da população, não necessariamente por concordar com suas ideias, mas sim pela descrença e frustração da “via democrática”, que nos afunda sempre mais neste atoleiro em que nos encontramos.
Creio que chegou a hora de que as forças democráticas devem levantar-se para desestimular o extremismo de qualquer coloração política e isolar os radicais para que o Brasil não mergulhe de vez na instabilidade e no caos. Isto também vale para os caciques fundamentalistas locais, que adoram jogar mais lenha na fogueira.
As eleições que se aproximam são de importância fundamental para o futuro do país. Devemos deixar as emoções de lado e escolher um presidente pacificador, com planos e projetos condizentes com um futuro progressista que o Brasil merece.
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