Após assumir o Congresso, Centrão agora dá as cartas no Ministério da Economia

Tempo de leitura: 3 min

em 22/10/2021

Bolsonaro, que amarga os piores índices de popularidade do mandato, foi convencido pelos aliados do Centrão de que, se nada de significativo for feito na área social, as chances de ele chegar ao segundo turno da disputa pela reeleição em 2022 podem ficar ainda mais distantes

Após assumir o Congresso, Centrão agora dá as cartas no Ministério da Economia

Depois de assumir o controle das articulações do governo com o Congresso, o Centrão dá sinais de que mantém influência, também, nas decisões do Ministério da Economia. O titular da pasta, Paulo Guedes, tem deixado de lado a cartilha liberal e aderido aos interesses políticos dos caciques dos partidos que apoiam o Planalto. Sem entregar o que prometeu, e ainda mais desgastado após o caso de sua offshore em um paraíso fiscal, o economista já não tem o mesmo protagonismo dos tempos de superministro.

O presidente Jair Bolsonaro, que amarga os piores índices de popularidade do mandato, foi convencido pelos aliados do Centrão de que, se nada de significativo for feito na área social, as chances de ele chegar ao segundo turno da disputa pela reeleição em 2022 podem ficar ainda mais distantes do que apontam as últimas pesquisas. Nessas conversas, os principais interlocutores são os ministros da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), e da Secretaria de Governo, Flávia Arruda (PL), além do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

O governo corre contra o tempo para resolver o impasse fiscal em torno do Auxílio Brasil, substituto do Bolsa Família. Os últimos depósitos do auxílio emergencial serão feitos neste mês. Pressionado pelas circunstâncias e pelo Centrão, Guedes admitiu que pediria uma “licença” para realizar despesas com o novo programa fora da regra constitucional que impede o aumento dos gastos da União acima da inflação.

O ministro confirmou que o Auxílio Brasil será de R$ 400 e que parte das despesas com a nova política social, cerca de R$ 30 bilhões, deverá ser feita fora do teto de gastos até dezembro de 2022. Inicialmente, a ideia da equipe econômica era de que o valor do benefício fosse de R$ 300, mas, também por pressões do Centrão, Guedes concordou em aumentá-lo, mesmo sem a definição de uma fonte de recursos para bancar o programa.

O ministro da Economia aposta que a forma de viabilizar o Auxílio Brasil de R$ 400 será decidida pelo relator da PEC dos precatórios, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB). Ele também tem reclamado da demora do Senado para votar a reforma do Imposto de Renda, uma outra alternativa para garantir o custeio do programa.

O mercado reagiu mal à guinada de Guedes, que, num passado nem tão distante, chegou a comprar briga com ministros que ele chamou de “fura-teto”, entre os quais, o do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho. O dólar fechou no maior valor desde 14 de abril, e o Ibovespa, com a menor pontuação desde 23 de novembro de 2020.

Debandada

A própria equipe do Ministério da Economia desaprovou o afrouxamento da política fiscal proposto por Guedes. Ontem, quatro deles pediram exoneração, entre os quais, o secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, e o secretário do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt.

Guedes também tem sido alvo de críticas dos que apontam populismo na ideia de turbinar o valor do Auxílio Brasil apenas até o fim de 2022, um ano eleitoral. O ministro tem argumentado que a “licença” para gastar acima do teto seria temporária, necessária, segundo ele, para atender às famílias mais vulneráveis afetadas pela inflação.

O Centrão também tem ditado o ritmo da liberação de recursos de emendas parlamentares. O total aprovado para este ano é de R$ 33,8 bilhões, o que inclui R$ 16,8 bilhões relativos às emendas do relator-geral do Orçamento da União no Congresso, também chamadas de RP9. Ao contrário do que ocorre com as emendas parlamentares individuais e de bancada, nas do relator não há transparência sobre as indicações das verbas, e os acordos são firmados entre a cúpula do Congresso e o Executivo, privilegiando alguns poucos parlamentares. Dessa forma, fica mais difícil fiscalizar se o dinheiro está sendo bem aplicado ou se houve barganha em troca de apoio político, por exemplo.

Fonte: Correio Braziliense.

Você vai gostar também:

Para enviar seu comentário, preencha os campos abaixo:

Deixe um comentário


*


*


Seja o primeiro a comentar!

Damos valor à sua privacidade

Nós e os nossos parceiros armazenamos ou acedemos a informações dos dispositivos, tais como cookies, e processamos dados pessoais, tais como identificadores exclusivos e informações padrão enviadas pelos dispositivos, para as finalidades descritas abaixo. Poderá clicar para consentir o processamento por nossa parte e pela parte dos nossos parceiros para tais finalidades. Em alternativa, poderá clicar para recusar o consentimento, ou aceder a informações mais pormenorizadas e alterar as suas preferências antes de dar consentimento. As suas preferências serão aplicadas apenas a este website.

Cookies estritamente necessários

Estes cookies são necessários para que o website funcione e não podem ser desligados nos nossos sistemas. Normalmente, eles só são configurados em resposta a ações levadas a cabo por si e que correspondem a uma solicitação de serviços, tais como definir as suas preferências de privacidade, iniciar sessão ou preencher formulários. Pode configurar o seu navegador para bloquear ou alertá-lo(a) sobre esses cookies, mas algumas partes do website não funcionarão. Estes cookies não armazenam qualquer informação pessoal identificável.

Cookies de desempenho

Estes cookies permitem-nos contar visitas e fontes de tráfego, para que possamos medir e melhorar o desempenho do nosso website. Eles ajudam-nos a saber quais são as páginas mais e menos populares e a ver como os visitantes se movimentam pelo website. Todas as informações recolhidas por estes cookies são agregadas e, por conseguinte, anónimas. Se não permitir estes cookies, não saberemos quando visitou o nosso site.

Cookies de funcionalidade

Estes cookies permitem que o site forneça uma funcionalidade e personalização melhoradas. Podem ser estabelecidos por nós ou por fornecedores externos cujos serviços adicionámos às nossas páginas. Se não permitir estes cookies algumas destas funcionalidades, ou mesmo todas, podem não atuar corretamente.

Cookies de publicidade

Estes cookies podem ser estabelecidos através do nosso site pelos nossos parceiros de publicidade. Podem ser usados por essas empresas para construir um perfil sobre os seus interesses e mostrar-lhe anúncios relevantes em outros websites. Eles não armazenam diretamente informações pessoais, mas são baseados na identificação exclusiva do seu navegador e dispositivo de internet. Se não permitir estes cookies, terá menos publicidade direcionada.