Aplausos para a iniciativa de nove vereadores de nossa Câmara, provocados pelo Observatório Social de Brusque, de alterar a Lei Orgânica do Município, a fim de proibir a vereadores eleitos de licenciar-se para assumir cargos comissionados na prefeitura. Nada mais coerente e justo, pois o vereador foi levado ao seu cargo para controlar o Executivo, e toda e qualquer outra função que viesse a desempenhar, poderia ser considerado uma traição ao seu eleitor.
É muito bom ver a Câmara reassumir o papel que lhe cabe no organograma da administração municipal, ainda mais agora, com boa parte dos vereadores focados nos verdadeiros anseios da população. Que continue assim.
Politicamente correto
Vejo que um autêntico tsunami anda varrendo o nosso país, uma verdadeira obsessão neurótica a zelar pelo chamado “politicamente correto”, que já está tornando o nosso dia a dia menos colorido e mais chato, e o que é pior, remetendo ao ostracismo aquele característico humor escrachado dos brasileiros e que tantas horas alegres já proporcionou ao nosso povo. Ainda bem que Chacrinha, Dercy Gonçalves e Chico Anysio, figuras emblemáticas e representantes autênticos do humor nacional, já não estão mais entre nós, pois se estivessem, teriam seus textos censurados na íntegra, por ofensas às minorias, racismo e homofobia. Até a nossa tradicional guloseima “Nega maluca” corre o risco de tornar-se vítima dos censores, devendo adotar nas padarias o nome de “Bolo de afrodescendente com distúrbios psicossomáticos”.
Neste Carnaval, resolveram colocar na “lista negra” algumas marchinhas carnavalescas, sucessos permanentes nas festas de Momo há décadas. Entre outras, foram vitimadas: “Olha a cabeleira do Zezé” (homofobia), “Maria Sapatão”(homofobia) e “O teu cabelo não nega, morena” (racismo). Compostas há meio século, estes sucessos carnavalescos jamais poderiam ser analisados e julgados sob a ótica dos valores atuais, quando qualquer brincadeira corre o risco de ser considerada ofensiva, com direito a processo e compensação financeira por dano moral.
Em nosso país, temos sérias deficiências com relação aos valores básicos, fundamentais de nossa cidadania. Deveríamos supri-las, antes de empatar o nosso tempo em firulas cabíveis num país do primeiro mundo que não tem mais nada para consertar.
Caras de pau
Surpreendente o cinismo, a falta de pudor e a cara de pau da elite política em Brasília que, apesar de um Lava Jato, de ver a fina flor do empresariado nacional trancafiada a sete chaves em presídios paranaenses, de uma imprensa atenta e investigativa, continua não só defendendo interesses e regalias corporativas mas tentando prejudicar incessantemente os trabalhos da Operação Lava Jato, fundamental para um renascimento de nosso país.
Tenho como certeza de que todos se recordam daquele projeto de iniciativa popular com as “10 medidas contra a corrupção”, enviado à Câmara dos Deputados, a bordo de um abaixo assinado referendado por 2,2 milhões de brasileiros.
Os representantes do povo conseguiram mutilar o projeto de tal forma, em benefício próprio, naturalmente, que o Supremo Tribunal Federal (STF) recusou-se a recebê-lo, por considerá-lo desfigurado, totalmente diferente daquele projeto enviado à Câmara dos Deputados.
Como a classe política não tem o menor interesse em apoiar medidas contra a corrupção, o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia, aliado do presidente Michel Temer, decidiu que para que a matéria volte a tramitar na Casa, terá que comprovar a autenticidade das 2,2 milhões de assinaturas.
Ponto facultativo
Boa tacada da Prefeitura de Brusque ao adiantar o feriado de terça-feira de Carnaval para segunda-feira, possibilitando ao comércio e à indústria uma semana de trabalho sem interrupções. Estranho, porém, a decretação de ponto facultativo na terça-feira para o funcionalismo público, que somente retornou ao trabalho na Quarta Feira de Cinzas.
Elucidativa sobre o assunto, a entrevista do prefeito de Jaraguá do Sul, que ponderou que “se não tivesse decretado ponto facultativo para os servidores públicos, teria recebido de 500 a 600 atestados médicos justificando a ausência”.
É mais do que óbvio de que estes “folguedos” do funcionalismo público em nada contribuem para o polimento da imagem da classe, ainda mais neste momento de crise aguda que está a exigir o envolvimento e a dedicação de todos os brasileiros, para que possamos sair do atoleiro em que nos encontramos.
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