A poucos dias das eleições municipais no país, nos defrontamos com um Brasil surpreendentemente tranquilo, quiçá pela ausência de maiores embates ideológicos, visto que a esmagadora maioria dos candidatos provém da seara da direita, num momento em que os progressistas ainda não conseguiram reinventar-se nem apresentar candidatos convincentes com mensagens renovadoras.
Cá na terrinha, seis candidatos almejam armar sua tenda no paço municipal: Ciro Roza, Coronel Gomes, Ari Vequi, Professor Guilherme, Paulinho Sestrem e Paulo Eccel. Algumas considerações sobre os que pontificam, neste momento, nas pesquisas eleitorais.
O título de decano dos candidatos pertence ao ex-prefeito Ciro Roza, que já transitou pelo paço por diversas vezes e a quem a cidade deve boa parte de suas obras mais significativas. Pé-de-boi, Ciro consegue arrebatar audiências com seu entusiasmo, carisma e seus discursos populistas, desprovidos de intelectualidade e com um gostinho de “déjà vu”.
O desagradável complicador em suas investidas eleitorais são as recorrentes turras com o Tribunal de Contas da União, que o acusa de aplicar mal as verbas federais destinadas ao município. Para castigá-lo, suspende os seus direitos políticos e consequentemente a sua candidatura, o que invariavelmente provoca uma “novela global”, que causa confusão e insegurança no eleitorado e no processo eleitoral.
Ari Vequi está no páreo pelo MDB e passa a impressão de um anti-politico em campanha eleitoral: discreto, objetivo e focado, que aprendeu a difícil arte da negociação nas décadas em que circulou pelas altas esferas da política catarinense. Vice-prefeito e timoneiro da atual administração municipal, tem a vantagem de estar familiarizado com os dói-dóis do município, o que lhe possibilitaria um arregaçar de mangas no dia posterior à posse.
Seu atual projeto político encontra-se solidamente ancorado na aliança com um poderoso grupo evangélico, além de sua candidatura ter sido turbinada pelo apoio moral e financeiro de poderosos chefões do empresariado local. Sabendo que nestes tempos de “toma lá, dá cá” o apoio solidário e gratuito já não mais existe, tendo sido sepultado com Madre Teresa de Calcutá, pergunta-se se numa eventual administração Vequi, sobraria ao prefeito espaço suficiente para materializar o seu plano de governo original.
Paulo Eccel, candidato do PT foi, como Ciro Roza, prefeito da cidade em duas legislaturas. Intelectual, exerce docência universitária, além de haver ocupado uma cadeira na Assembleia Legislativa. Suas passagens pela prefeitura sempre foram bem avaliadas, ouvindo-se com frequência que “o prefeito é Bom, mas está no partido errado”. O abrangente plano de governo que acompanha a sua atual candidatura está condizente com as necessidades da época e assim apto a responder aos anseios da população.
A temer, num eventual governo Eccel, a reinstalação na prefeitura do fundamentalismo petista com todas as suas mazelas, e o inevitável choque com as combativas hostes locais do mito. Por outro lado, a posse de Paulo Eccel causaria um espetacular boom econômico em nossa cidade e produziria radicais transformações nos alicerces econômicos de Brusque.
Além do tradicional polo têxtil, teríamos doravante um dinâmico e florescente polo cinematográfico, fruto das centenas de vídeos, filmes, seriados e novelas “made in Brusque” para demonizar o prefeito, falar mal de Lula, do Fidel, da Argentina, da Venezuela, e antes e acima de tudo, alertar a população sobre o iminente e sangrento golpe comunista que estaria sendo urdido entre as paredes do paço municipal.
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