Entrevistas, início da propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão — além do primeiro debate com a presença dos candidatos mais bem posicionados nas pesquisas — prometem embalar a disputa eleitoral
A segunda semana da campanha eleitoral promete esquentar o embate entre os candidatos à Presidência da República. Até o momento, os presidenciáveis realizaram comícios e se digladiaram nas redes sociais, mas estão previstos para esta semana entrevistas em veículos de grande audiência e o primeiro debate cara-a-cara entre os concorrentes. Além disso, a partir de sexta-feira começa a ser veiculada a propaganda eleitoral gratuita na televisão e no rádio.
Ao logo da semana, o Jornal Nacional realiza uma série de entrevistas com os candidatos (veja quadro com datas). O primeiro participante será o presidente Jair Bolsonaro (PL), que será sabatinado hoje. A orientação da campanha é para que ele evite temas mais polêmicos, como seus ataques às urnas e ao sistema eleitoral, e responda de forma moderada aos questionamentos. Amanhã, ele receberá, no Palácio do Planalto, o coração de Dom Pedro I, conservado em formol, em cerimônia parecida com a que seria concedida a chefes de Estado.
O órgão ficará no Brasil até 8 de setembro, e Bolsonaro pretende usá-lo como símbolo na comemoração dos 200 anos da independência. No 7 de Setembro do ano passado, o presidente convocou manifestações em seu apoio e em ataque ao sistema eleitoral. Na quarta, a previsão é que o candidato visite Belo Horizonte.
Ontem, Bolsonaro participou de uma missa na Paróquia Nossa Senhora da Esperança, em Brasília. Ao seu lado, estavam a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, o chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, e o ministro do Turismo, Carlos Alberto Gomes de Brito. A participação foi um aceno ao eleitorado católico, no qual ele perde em intenção de voto para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Segundo pesquisa Datafolha divulgada na última sexta-feira, o petista tem apoio de 52% dos brasileiros que se autodeclaram católicos, contra 27% de Bolsonaro. A religião é a que tem mais seguidores no país, cerca de metade da população. O atual presidente, por outro lado, é o favorito do segmento evangélico.
O padre que conduziu a missa citou a presença do chefe do Executivo na cerimônia, mas não houve discurso. Nem Bolsonaro nem a primeira-dama participaram da comunhão. Entre integrantes da campanha à reeleição, há preocupação com o voto católico pelos fortes acenos realizados pelo presidente aos evangélicos nos últimos dias, que podem afastar eleitores de outras crenças.
Já o ex-presidente Lula se sentará na bancada do Jornal Nacional na quinta-feira. Lula e Bolsonaro devem se digladiar, pela primeira vez, no debate a ser realizado pela TV Band no próximo domingo. Criticados por não comparecerem aos debates realizados até agora, ambos os candidatos confirmaram presença na disputa. Será o primeiro programa com participação simultânea dos presidenciáveis. Além de Lula e Bolsonaro, estarão presentes Simone Tebet, Ciro Gomes, Soraya Thronicke e Felipe D’Avila.
Lula não teve compromissos públicos ontem. No sábado, o petista realizou um grande ato no Vale do Anhangabaú, no centro de São Paulo, onde fez fortes críticas aos acenos do adversário aos evangélicos e às fake news que circulam envolvendo sua posição sobre os religiosos. Uma delas, por exemplo, diz que o ex-presidente fecharia todas as igrejas evangélicas caso eleito. Em seu discurso, Lula afirmou que “igreja não é palanque político”.
Em vídeo divulgado na noite de ontem em suas redes, o petista reforçou o posicionamento. “A igreja não é um partido político. Qualquer eleitor evangélico que tenha um mínimo de conhecimento sobre o Brasil sabe que nunca um governo tratou eles com o respeito que eu tratei”, afirmou Lula. O candidato também se disse disposto a conversar com todas as religiões e com quem quiser debater.
Espinho da traição
O candidato pelo PDT, Ciro Gomes, participou ontem do lançamento da candidatura a deputado estadual Antônio Henrique (PDT) em Fortaleza. Em seu discurso, o ex-governador do estado disse que “sente o espinho da traição”. “Eu sou uma pessoa com sentimentos. E hoje meus sentimentos pessoais aqui no Ceará são muito sofridos. O que eu fiz por determinadas pessoas, dei tudo e criei condições para essas pessoas brilharem”, afirmou Ciro.
Ao seu lado também estava o candidato a governador do estado Roberto Cláudio (PDT). Ciro disse ainda que “a mudança no Brasil não é para salvador da pátria, a mudança é com uma corrente que junte todo mundo de bem, todo mundo que seja cristão, todo mundo que não tenha uma pedra no lugar do coração”. Hoje, Ciro está em São Paulo para um encontro com representantes do Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV). Já amanhã ele participará da entrevista no Jornal Nacional.
A candidata Simone Tebet, por sua vez, esteve em São Paulo ontem. Ela discursou em encontro do Movimento dos Sem-Teto do Ipiranga (MSTI), na comunidade de Heliópolis, e defendeu suas ações no campo da habitação. Na sexta-feira será sua vez de participar da sabatina do Jornal Nacional.
“Se eu pudesse resumir o que significa uma casa para a vida de uma família, eu diria o seguinte: casa é a porta de entrada da cidadania. É a porta de entrada para a saúde, para educação, para assistência social, porque quando você entrega a chave da casa própria para uma mãe cheia de filhos, uma mãe que muitas vezes não tem um companheiro ou o companheiro está desempregado, tudo muda na vida dessa mãe”, disse Tebet em seu discurso, defendendo que criará um milhão de casas em quatro anos, caso seja eleita.
Fonte: Correio Braziliense.
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