Há dias fomos surpreendidos com a notícia da eventual abertura de uma escola militar em nossa cidade, o que causou um enorme frisson em setores da sociedade, principalmente nos fiéis e devotos admiradores do imperial clã familiar instalado no Planalto.
O poder público municipal e as associações de classe mostraram-se encantados com a ideia, prometendo empenhar-se com afinco na materialização do decantado projeto.
Nas redes sociais, dezenas de brusquenses mostraram o seu apreço ao empreendimento, e o testemunho de uma mãe nos dá uma ideia de quão distantes se encontram muitos pais da realidade escolar de seus filhos.
Escreve a dita cuja: “agora os meus filhos voltarão a aprender os valores verdadeiros, respeito e disciplina”. Deveras preocupante a declaração desta mãe, pois mostra o total desconhecimento de muitos pais do que se passa numa sala de aula, bem como do esforço gigantesco exigido dos professores para transmitir aos alunos não só os conhecimentos de matemática, história e geografia, mas também as regras básicas comportamentais, morais e cívicas, que em muitos lares brasileiros andam adormecidas.
Em verdade, nada de concreto teria para argumentar contra a instalação de uma instituição que certamente contribuiria para a elevar o nível cultural de nosso grupo social, mas não deixa de causar estranheza que Brusque, uma cidade sem a menor tradição militar, esteja cotada para sediar uma instituição educacional criada para servir, majoritariamente, os descendentes de membros das Forças Armadas.
Cabe a pergunta: é válido, nesta época de vacas magras, empenhar-se na implantação de mais um instituto de ensino?
Como leigo, diria não. Enxergo a rede educacional da cidade bem equacionada: escolas municipais, estaduais, sólidos grupos privados e institutos com metodologia especial como a Apae e Charlotte, desempenham com entusiasmo e dedicação a missão de preparar o jovem de hoje para o mundo de amanhã.
Além do mais, contamos com uma movimentada vida universitária, onde um variado “menu” de faculdades e uma bem estruturada universidade prometem transformar Brusque num importante centro cultural do Vale.
Não constitui segredo para ninguém que o ensino e a cultura em geral tem sido a maior vítima da crise econômica que assola o país há anos. Também as nossas escolas têm sentido a asfixia financeira que ameaça comprometer a qualidade de ensino no país.
Ainda assim, neste tempo adverso, a nossa Unifebe ousou parir uma Faculdade de Medicina, enquanto que o tradicional educandário Cônsul Carlos Renaux iniciou uma generosa ampliação de suas instalações, a fim de proporcionar ao seu corpo docente, laboratórios de ciências exatas, biblioteca e adicionais salas de aula.
Sem a menor dúvida, são esses atos de corajoso empreendedorismo que devem merecer o apoio irrestrito das autoridades competentes e da sociedade em geral.
Devemos raciocinar qualitativamente e não quantitativamente, canalizando energias,entusiasmo e empolgação para aprimorar, aperfeiçoar e solidificar o que já existe e faz parte de nossa realidade. Os beneficiados, sem dúvida, seremos nós.
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