Governo espera queda de R$ 0,10 no diesel com decreto que muda regra ambiental

Tempo de leitura: 4 min

em 25/07/2022

Preço médio do combustível no país é de R$ 7,44, R$ 1,55 acima do litro de gasolina, que registrou queda de 20% desde o fim de junho

Governo espera queda de R$ 0,10 no diesel com decreto que muda regra ambiental

Se a gasolina registrou uma queda de 20,3% em pouco mais de um mês, o diesel não acompanhou a redução, caindo 1,72% no mesmo período. Segundo o último boletim divulgado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o preço médio do combustível é de R$ 7,44.

Mas o governo federal projeta uma diminuição para o diesel como consequência do decreto que adia o cumprimento de metas ambientais pelas distribuidoras de combustíveis, publicado na última sexta-feira (22).

As empresas terão até março de 2023, não mais até o fim deste ano, para a comprovação dos Créditos de Descarbonização (CBIOs), obrigatórios para compensação da emissão de gases do efeito estufa.

O adiamento derrubou os preços do CBIOs, que chegaram a ultrapassar R$ 200 em junho. Na última quinta-feira (21), o ativo era vendido a R$ 97 na bolsa de valores. Com a mudança no prazo e a queda no valor, a expectativa do ministro de Minas e Energia é que haja uma redução na gasolina e no diesel.

“A medida que nós tomamos hoje dos CBIOs vai baixar em mais de R$ 0,10, dessa vez vai abaixar o diesel”, declarou o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, na última sexta-feira, ao visitar um posto de combustíveis com o presidente Jair Bolsonaro.

Em junho, o preço médio do diesel comum ultrapassou pela primeira vez, desde o início da série histórica da ANP, o valor da gasolina: R$ 7,56 contra R$ 7,39. Diante da política de paridade com o mercado internacional mantida pela Petrobras, os valores foram pressionados pela alta do petróleo em meio à guerra entre Ucrânia e Rússia.

O presidente Jair Bolsonaro iniciou uma série de ações para conter o aumento dos combustíveis: mudou a presidência da Petrobras e também sancionou um projeto que limita a alíquota do ICMS sobre os combustíveis.

A lei do ICMS teve efeito imediato sobre a gasolina, que chegou a R$ 5,89 na última semana, patamar que não era atingido desde agosto do ano passado. No entanto, como a alíquota do diesel, na maioria dos estados, já era abaixo do limite, a mudança não trouxe efeitos significativos para o combustível.

Agora, além da mudança dos CBIOs, o governo fala em importar diesel mais barato da Rússia. Na última sexta-feira, o presidente Jair Bolsonaro foi questionado se a negociação deve ocorrer até setembro, como havia anunciado anteriormente.

“Olha, se estiver tudo desembaraçado o mais rápido possível. O meu relacionamento com o governo russo não é bom não, é excepcional. Então, não temos problemas se depender do governo russo tratar desse assunto”, respondeu o presidente.

Decreto dos CBIOs divide opiniões

O ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, defendeu que o decreto foi necessário diante dos efeitos da guerra na Ucrânia para o mercado de combustíveis.

“A medida está em consonância com o atual estado de emergência no Brasil, decorrente da elevação extraordinária e imprevisível dos preços do petróleo, combustíveis e seus derivados e dos impactos sociais dela decorrentes, reconhecido pelo Congresso Nacional por meio da promulgação da Emenda Constitucional nº 123/2022”, divulgou a pasta.

Por conta do aumento nos preços dos CBIOs, o ministério também solicitou uma investigação ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) de possível infração à ordem econômica.

A Federação Nacional das Distribuidoras de Combustíveis, Gás Natural e Biocombustíveis (BRASILCOM) disse à CNN que apoia e considera oportuna a decisão do governo.

“A medida vai resultar em redução de custos dos combustíveis, que será repassada no preço ao consumidor”, declarou a entidade em nota, acrescendo que “um estudo realizado pelo Departamento de Engenharia Industrial do CTC/PUC-Rio, sob o comando do professor Márcio Thomé e apoio da BRASILCOM, com um balanço dos três anos de implementação da Política Nacional de Biocombustíveis– RenovaBio, mostrou que, com o CBIO a R$ 200 (valor alcançado no final do último mês de junho), o impacto no preço do litro de combustível (gasolina e diesel) era um acréscimo de R$ 0,15.”

Procurada pela CNN, a Associação Brasileira da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica) preferiu não se manifestar sobre o decreto.

Na semana passada, antes da medida ser oficializada, o presidente da entidade, Evandro Gussi, havia apontado a expectativa de que o assunto fosse discutido publicamente no Conselho Nacional de Política Energética.

“A gente não vê sustentação legal, amparo legal. Para nós, fica claro que o cumprimento dessas metas deve ser feito anualmente. Quando o CBIO estava em R$ 29, nós não fizemos reclamação de que estava muito baixo, mesmo diante dos nossos custos. O preço é um mecanismo de mercado, a gente tem hoje um governo liberal, que gosta do processo econômico ortodoxo, ou seja, que respeita a livre organização do mercado”, declarou o presidente da Unica, na última quarta-feira (21).

Adriano Pires, diretor da consultoria Centro Brasileiro de Infraestrutura, que chegou a ser indicado pelo governo para a presidência da Petrobras este ano, acredita que o decreto traz problemas para o setor de biocombustíveis.

“O CBIO foi criado para gerar previsibilidade para quem produz etanol, como uma maneira de criar receita. Quando você muda a regra, acaba criança uma certa instabilidade jurídica e regulatória. E o etanol já vem perdendo competitividade para a gasolina. Do ponto de vista da política energética e ambiental, esse adiamento é um retrocesso”, avalia.

Fonte: CNN Brasil.

Você vai gostar também:

Para enviar seu comentário, preencha os campos abaixo:

Deixe um comentário


*


*


Seja o primeiro a comentar!

Damos valor à sua privacidade

Nós e os nossos parceiros armazenamos ou acedemos a informações dos dispositivos, tais como cookies, e processamos dados pessoais, tais como identificadores exclusivos e informações padrão enviadas pelos dispositivos, para as finalidades descritas abaixo. Poderá clicar para consentir o processamento por nossa parte e pela parte dos nossos parceiros para tais finalidades. Em alternativa, poderá clicar para recusar o consentimento, ou aceder a informações mais pormenorizadas e alterar as suas preferências antes de dar consentimento. As suas preferências serão aplicadas apenas a este website.

Cookies estritamente necessários

Estes cookies são necessários para que o website funcione e não podem ser desligados nos nossos sistemas. Normalmente, eles só são configurados em resposta a ações levadas a cabo por si e que correspondem a uma solicitação de serviços, tais como definir as suas preferências de privacidade, iniciar sessão ou preencher formulários. Pode configurar o seu navegador para bloquear ou alertá-lo(a) sobre esses cookies, mas algumas partes do website não funcionarão. Estes cookies não armazenam qualquer informação pessoal identificável.

Cookies de desempenho

Estes cookies permitem-nos contar visitas e fontes de tráfego, para que possamos medir e melhorar o desempenho do nosso website. Eles ajudam-nos a saber quais são as páginas mais e menos populares e a ver como os visitantes se movimentam pelo website. Todas as informações recolhidas por estes cookies são agregadas e, por conseguinte, anónimas. Se não permitir estes cookies, não saberemos quando visitou o nosso site.

Cookies de funcionalidade

Estes cookies permitem que o site forneça uma funcionalidade e personalização melhoradas. Podem ser estabelecidos por nós ou por fornecedores externos cujos serviços adicionámos às nossas páginas. Se não permitir estes cookies algumas destas funcionalidades, ou mesmo todas, podem não atuar corretamente.

Cookies de publicidade

Estes cookies podem ser estabelecidos através do nosso site pelos nossos parceiros de publicidade. Podem ser usados por essas empresas para construir um perfil sobre os seus interesses e mostrar-lhe anúncios relevantes em outros websites. Eles não armazenam diretamente informações pessoais, mas são baseados na identificação exclusiva do seu navegador e dispositivo de internet. Se não permitir estes cookies, terá menos publicidade direcionada.