Nos informam os periódicos que o presidente Bolsonaro estaria novamente às voltas com a criação de um novo partido político, fabricado a seu modo e feitio, certamente para deixá-lo dono absoluto de seu nariz, bem como servir de ancoradouro ao seu ultra entusiasmado exército de seguidores.
A nova agremiação deverá funcionar sob a denominação de “Conservadores”, estando a elaboração dos estatutos ao encargo do filho Eduardo e seus aliados políticos. Certamente o produto final desta força-tarefa faria Benito Mussolini babar de inveja.
Transpirado já está que “a defesa da moralidade cristã”, o “porte de armas”, o “combate à sexualização precoce e à ideologia de gênero” seriam pautas fundamentais nesta Carta em elaboração.
Ao confiar ao filho 03 a tarefa de definir rota e objetivos de seu eventual partido, Bolsonaro mostrou-se coerente com sua formação ideológica pois Eduardo, além de comandar o “núcleo duro” do Planalto, é conhecido por seu radicalismo, agressividade, destempero e inconsequência, levando o embaixador da China em Brasilia proferir a sentença de que “deve ter contraído um vírus mental”.
Não compartilho da hipótese de que Eduardo, pouco afoito às lides democráticas e burocráticas, alimente projetos mirabolantes em terra tupiniquim, pois imagino como seu sonho maior uma brilhante atuação no tabuleiro internacional.
Não restam dúvidas de que a sua primeira tentativa de alçar voo terminou no ralo, pois sua experiência de fritador de hamburger não foi suficientemente poderosa para fazer dele o embaixador brasileiro em Washington, para poder curtir, sem reservas, o lunático Trump, que os Bolsonaro veneram e imitam sem parar.
O grande acontecimento na vida do 03 foi a sua aliança com Steve Bannon, estrategista da extrema direita americana, união que que passou a ser o motor a alimentar sua ambição de tornar-se uma figura de peso no palco da direita internacional.
Envolvido em vultosas falcatruas durante o governo Trump, Bannon foi o fundador do Breitbart, site da extrema direita americana e famoso por difundir notícias falsas. Também é pai do “The Movement”, criado para unir lideranças da extrema direita mundial como Marine Le Pen, Matteo Salvini, Viktor Orban, Trump e Bolsonaro.
Em 2019, Bannon fez de Eduardo Bolsonaro embaixador do “The Movement” para a América Latina. Coincidência ou não, enquanto Brasilia se ocupava com a montagem de um novo canal de distribuição do Bolsonarismo, surge cá na terrinha o “Instituto Conservador de Brusque”, cujo presidente Rafael Silva garante que “o instituto não terá cunho político”.
Confesso ter tido certa dificuldade em digerir está “negação à política”, principalmente após constatar que a Carta de Princípios da organização reflete “ipsis litteris” o ideário político do presidente, cujo filho Eduardo já foi convidado para proferir uma palestra em Brusque, que deverá acontecer em 8 de março, para uma plateia apolítica, naturalmente. Eclético, o palestrante poderá discorrer sobre o tema “Como conseguir uma barriguinha tanque sem fazer esforço”.
É bom saber que existe mais um grupo a se preocupar com os desafios sempre maiores que a cidade e o país enfrentam e esperamos que desempenhem o seu papel com bom senso, diálogo e equilíbrio.
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