Realmente espantoso observar com que rapidez a comunicação digital tomou conta da humanidade. Nos mais recônditos cantinhos do universo encontramos a população manuseando aquele aparelhinho e não necessitamos de um elevado QI para concluir que a comunicação, em suas variadas facetas, tornou-se um dos grandes vícios do século XXI, tão pernicioso quanto as drogas químicas, a nicotina ou o álcool. No entanto, não podemos negar que internet, WhatsApp e outros foram conquistas tecnológicas fundamentais que revolucionaram a comunicação global nos dias atuais.
Médicos e psicólogos alertam, contudo, para o uso abusivo da internet, que pode causar danos irreversíveis à nossa vida emocional e social, sem mencionar o assassinato sistematizado de nossa língua portuguesa, causado pelo emprego de esdrúxulas abreviações e palavras sem amparo no Aurélio ou Houaiss.
O número de viciados em comunicação virtual se tornou tão elevado que uma considerável parcela da população passou a preocupar-se seriamente com as consequências desta verdadeira obsessão que se abateu sobre os usuários, principalmente os mais jovens. Ainda recentemente o meu amigo Negão Walendowsky confidenciou-me, preocupado, que um amigo seu estaria em vias de separar-se da esposa que não conseguia separar-se um minuto sequer daquele aparelhinho, que até no leito conjugal já conquistara o seu lugarzinho fixo.
É curioso observar que a maioria das pessoas alega não encontrar mais tempo para visitar os amigos e jogar uma conversa fora. As mesmas pessoas, no entanto, gastam horas e horas diariamente, curtindo internet, Facebook e similares, à procura de um “frisson” que aparentemente o cotidiano não consegue mais lhes proporcionar.
Está mais do que comprovado de que o uso exagerado da internet acaba abalando seriamente o relacionamento interpessoal que, sem ser cultivado adequadamente, acaba murchando como um planta que não foi regada de acordo.
Os valores vigentes nos dias de hoje também conspiram contra um maior aprofundamento das relações interpessoais: o homem moderno tornou-se muito exigente com o seu padrão de vida, virou materialista, egocêntrico e consumista, sob a premissa de que você vale pelo que tem e não pelo que é.
Neste stress de completividade muitos não têm mais tempo, disposição e paciência para burilar relacionamentos mais profundos. Preferem investir seu tempo na comunicação virtual onde tudo é mais fácil, pois você pode dizer que é uma Vera Fischer de ontem, quando em verdade não passa de uma Gretchen de amanhã.
Penso que desempenhamos um papel sempre mais insignificante na vida dos outros, e muitos se refugiam na tecnologia virtual para fugir de uma eventual solidão. Os habitantes do primeiro mundo caminham inexoravelmente para a solidão e os milhões de totós, tratados como membros da família, são uma prova contundente.
Uma biografia
Descontraída e quase familiar revelou-se o evento de lançamento da biografia de Zeno Heinig, empresário, ex-político, figura conhecida e respeitada e membro de uma das mais antigas e tradicionais famílias brusquenses.
A obra biográfica do ilustre cidadão foi compilada e montada pelo intelectual Ricardo Engel, coadjuvado pela jornalista Guédria Motta, tendo ambos recebido a valiosa colaboração da professora da Unifebe, Rosemari Glatz que, com sua habitual competência, escarafunchou raízes e origens da família do biografado.
A noitada revelou-se surpreendentemente leve e descompromissada, principalmente por ter-nos poupado o mestre de cerimônias daquela interminável e maçante lista dos presentes, supostamente vips, tão a gosto dos locais, bem como os oradores que se comportaram lindamente, não transformando a AABB num salão de massagem do ego do biografado.
O acontecimento,que reuniu a elite pensante da cidade, primou pela honestidade de propósito, dando destaque somente ao essencial. Um exemplo a ser seguido.
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