O mês de outubro revelou-se recheado de abalos e agitos, muitos dos quais prometendo deixar marcas profundas no já conturbado horizonte político da nação.
A melhor notícia do ano foi, sem dúvida alguma, a aprovação pelo Congresso nacional da reforma da Previdência, golaço primeiro e único da administração Bolsonaro nestes 11 meses de governo.
E para deixar o empresariado ainda mais tranquilo o ministro Guedes anunciou que as reformas administrativa e tributária já estão prontas para o forno, só aguardando a aprovação presidencial, após o seu retorno de uma viagem ao exterior.
O tour de Bolsonaro ao Extremo Oriente revestiu-se da maior importância, pois objetivava induzir os nossos parceiros de olhinhos puxados a importar maiores quantidades de produtos brasileiros bem como animar poderosos investidores a participar dos inúmeros leilões de estatais que por aqui acontecem nos próximos meses.
No Japão, o presidente teve a oportunidade única de participar da entronização de Naruhito, novo imperador do país do Sol Nascente; detestou o cardápio do banquete oficial no Palácio Imperial, não comeu nada e saciou sua fome com um pacote de miojo trazido do Brasil e preparado no quarto do hotel por um assessor.
Em sua chegada a Pequim, surpreendeu gregos e troianos ao afirmar que “a China é um país capitalista”. Deve ter-se esquecido tratar-se de uma ditadura implacável, mantida a rédeas curtas pelo Partido Comunista Chinês.
Enquanto escalava no longínquo Oriente a Grande Muralha, o seu partido, o PSL, ameaçava virar um barril de pólvora, numa crise com potencial de causar sérios dano ao Planalto e à governabilidade do país.
De um lado, os Bolsonaros e fiéis seguidores e do outro, Luciano Bivar, presidente do partido e aliados, todos ambicionando o controle da legenda e seu fundo partidário de R$ 200 milhões.
A destituição, pelos Bolsonaro, de Joice Hasselmann do posto de líder do governo no Congresso representou o início da beligerância e Eduardo Bolsonaro comparou-a à Peppa Pig, porca de um popular desenho animado infantil.
A réplica não se fez esperar, com Joice chamando os filhos do mandatário de picaretas e acusando-os de liderar uma rede especializada em notícias falsas e campanhas de difamação nas redes sociais, assunto que já está sendo investigado pelo MPF.
A crise no PSL não tem dado sinais de arrefecimento, sendo alimentado diariamente por novas baixarias e total falta de decoro dos que se consideram o crème de la crème da classe política que governa o país.
O presidente não está nem aí, pois necessita de um clima de guerra e já anunciou que pode abandonar o PSL para fundar a sua própria legenda, o Partido da Defesa Nacional, PDN.
Na longínqua Arábia Saudita acabou parindo um novo furdunço ao postar em sua conta pessoal numa rede social um vídeo onde, no papel de leão, ve-se atacado por dezenas de hienas, que querem exterminá-lo.
As hienas portam um logo com seu nome: Globo, Estadão, OAB, ONU, STF, CNBB, PT, PSOL, comunistas e o seu próprio partido, o PSL. O vídeo causou comoção, pois constitui um grave ataque às instituições democráticas do país, além de deixar a nu a total falta de estrutura que o cargo de presidente da República exige.
Além do mais, sua infeliz declaração de que não parabenizaria o recém eleito presidente da Argentina Fernandez “por ser esquerdista e ter cumprimentado Lula pelo seu aniversário”, decididamente não contribuirá para um melhor funcionamento do Mercosul, e o comentário de nosso chanceler de que “na Argentina as forças do mal comemoram a vitória de Fernandez/Kirchner” ,nos mostra um lamentável desconhecimento pelo duo de governantes das regras básicas da diplomacia e do funcionamento de um regime democrático.
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