Viajar é sempre muito bom, mas voltar para casa para dormir na própria caminha é melhor ainda. Em verdade, viajar com certa regularidade tornou-se um imperativo para todos aqueles em busca do sucesso em nosso competitivo século XXI, pois além de abrir as cabeças, alarga os horizontes, desmonta preconceitos e nos leva à conclusão de que todos podem ser felizes à sua maneira.
Quando falo em viajar, certamente não me refiro às populares incursões de compras a Miami, mas sim naquelas experiências que nos enriquecem com costumes e culturas diferentes, que propiciam ao nosso paladar sabores desconhecidos, que despertem deste sono profundo nossa curiosidade cultural e nos mostrem que sucesso e felicidade não se resumem na posse de uma BMW e alegres noitadas em Balneário Camboriú.
Viajar, no entanto, também pode trazer momentos de frustração, principalmente quando retornamos ao nosso ancoradouro, cheios de entusiasmo com o progresso, a organização e as facilidades do primeiro mundo, e nos deparamos com um dia a dia não tão colorido como alhures.
Foi assim que me senti ao abrir os jornais, após um périplo pela África do Sul seguido de uma estadia em Berlim, na Alemanha, e ver que as coisas em nossa cidade não andam nada bem. Ao que tudo indica, a nossa prefeitura está em apuros, cercada por uma horta de pepinos que para descascar lhe custarão muito tempo e dinheiro.
Em verdade, a atual administração municipal está pagando a conta pelo desleixo e incompetência de administrações anteriores, que não tiveram o interesse de ocupar-se com a manutenção de bens públicos que agora, em estado de deterioração, exigem reparos imediatos.
O teto do pavilhão Maria Celina Vidotto Imhof quase teve que desmoronar para que se tomassem providências, como consequência de três décadas de falta de manutenção. E vai pesar como chumbo no orçamento da prefeitura.
A nossa Câmara de Vereadores, por sua vez, acaba de despachar um alerta à prefeitura para que providencie, com urgência, a manutenção do terminal urbano, onde bancos sumiram ou foram vandalizados, deixando muitos usuários sem local para sentar.
Como se não bastasse, o Ministério Publico de SC pediu à administração municipal que colocasse em ordem o Parque Zoobotânico: teleférico, cozinha, refeitório, funcionários administrativos e técnicos não estão conformes com as legislação vigente e a prefeitura terá o prazo de 1 ano para acertar os ponteiros.
É de domínio público que mais de 50% do orçamento municipal é absorvido para o pagamento do funcionalismo publico. Comenta-se que algumas secretarias e fundações viraram cabides, abrigando um altamente custoso contingente de funcionários em cargos de confiança. Como se não bastasse, a prefeitura ainda publicou que em 2017 gastou mais de R$ 1,5 milhão em 5,3 mil horas extras com seu quadro de funcionários.
Não é de estranhar, portanto, que o caixa da administração esteja em estado de extrema penúria, obrigando o alcaide a solicitar socorro à Câmara Municipal para pedir a realocação de R$ 7 milhões, que garantiriam os salários do funcionalismo até outubro.
Não resta a menor dúvida de que estamos atolados numa profunda crise e uma reforma profunda se faz necessária. Reforma e não maquiar. Técnicos deverão cuidar do assunto, mas um corpo administrativo mais leve, ágil, motivado e eficiente nos parece imprescindível. Que tal voltar a trabalhar em dois turnos como a maioria da população? E enterrar os “pontos facultativos” que com as “emendas” dos feriados constituem um cancro para a economia da cidade.
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