Um balanço

Tempo de leitura: 2 min

em 19/08/2022

Um balanço

Com a posse de Jair Bolsonaro no cargo de presidente da República, boa parte da população ingenuamente imaginou que, com o PT longe do centro do poder e condenado a um longo exílio, os problemas do país já eram, e dali pra frente tudo seria um céu de Brigadeiro com muita harmonia e prosperidade. Ledo engano.

Ao ser eleito, Bolsonaro não passava de um ilustre desconhecido para a maioria da população, tendo sido escolhido pelo seu potencial de varrer as esquerdas do cenário político, ajudado pela facada de um lunático a atentar contra a sua vida.

Uma vez entronado, não tardou em revelar sua verdadeira face: a de um desatinado e inconsequente fundamentalista ideológico, que adora encrencas e não consegue conviver com a paz e harmonia, além de ser dono de uma língua solta que não para de colocar o governo e o país em situações constrangedoras. Em momento algum passou por sua cabeça promover a reconciliação nacional: entrincheirou-se na extrema-direita do espectro político, e passou a taxar de comunistas e inimigos da nação todos aqueles que não assobiavam a sua cantilena.

Seu autoritarismo, no entanto, não deixou de encantar alguns setores que, com o senso crítico em ponto morto, passaram a seguir cegamente seu “Salvador da Pátria”, único antídoto viável para salvar a pátria do “iminente golpe comunista e do odiado marxismo cultural, que supostamente permeia nossa sociedade”.

Em seu primeiro ano, Bolsonaro já mostrou que não está à altura do cargo que exerce e não consegue desempenhar suas tarefas com o decoro que o cargo exige. A racionalidade não tem mais vez e análises, debates e argumentos foram substituídos por ofensas pessoais e difamações. Continua em campanha eleitoral e Lula e Dilma são figuras presentes em seu universo político do dia a dia, podendo passar a impressão de que a popularidade de seu governo só se mantém falando mal e esmiuçando os pecados dos governos petistas que o antecederam.

A sua pauta mais recente é a suposta fraude nas eleições presidenciais de 2018: pretende provar que poderia ter faturado a eleição já no primeiro turno. Fica a pergunta: e daí? Com preocupação anoto a feroz luta pelo poder dos influentes segmentos que fazem a cabeça do presidente: militares, os reacionários olavistas e os evangélicos. Não acredito que religião e política resultem num produto palatável, como também alimento a convicção de que as Forças Armadas devem servir ao Estado e jamais a um governo.

Mas virão mais novidades por aí: o presidente já sinalizou que nas próximas eleições presidenciais poderá convidar para ser sua vice a ministra Damares, aquela do tête-à-tête com Jesus na goiabeira. Se vingar, fio dental vai dar cadeia e o bispo Edir Macedo certamente vai querer comprar a Igreja Matriz. Entre outras coisas.

O PIB de 2019 acaba de ser publicado: um mirrado 1,1% em vez do 2,5% projetado. Grandes demonstrações estão programadas para este fim de semana: louvor ao mito e execração do Congresso e do Supremo Tribunal Federal, vilões da vez, que supostamente impedem Bolsonaro de governar como quer. Ainda bem!

Gostar ou detestar passa a ser secundário, pois como brasileiros responsáveis não nos resta outra alternativa do que suportar este eleito pelo povo até o fim de seu mandato, abjurando os seus constantes ataques à Democracia, mas apoiando com vigor as reformas econômicas da equipe de Guedes, essenciais para o desenvolvimento do país.

Você vai gostar também:

Para enviar seu comentário, preencha os campos abaixo:

Deixe um comentário


*


*


Seja o primeiro a comentar!

Damos valor à sua privacidade

Nós e os nossos parceiros armazenamos ou acedemos a informações dos dispositivos, tais como cookies, e processamos dados pessoais, tais como identificadores exclusivos e informações padrão enviadas pelos dispositivos, para as finalidades descritas abaixo. Poderá clicar para consentir o processamento por nossa parte e pela parte dos nossos parceiros para tais finalidades. Em alternativa, poderá clicar para recusar o consentimento, ou aceder a informações mais pormenorizadas e alterar as suas preferências antes de dar consentimento. As suas preferências serão aplicadas apenas a este website.

Cookies estritamente necessários

Estes cookies são necessários para que o website funcione e não podem ser desligados nos nossos sistemas. Normalmente, eles só são configurados em resposta a ações levadas a cabo por si e que correspondem a uma solicitação de serviços, tais como definir as suas preferências de privacidade, iniciar sessão ou preencher formulários. Pode configurar o seu navegador para bloquear ou alertá-lo(a) sobre esses cookies, mas algumas partes do website não funcionarão. Estes cookies não armazenam qualquer informação pessoal identificável.

Cookies de desempenho

Estes cookies permitem-nos contar visitas e fontes de tráfego, para que possamos medir e melhorar o desempenho do nosso website. Eles ajudam-nos a saber quais são as páginas mais e menos populares e a ver como os visitantes se movimentam pelo website. Todas as informações recolhidas por estes cookies são agregadas e, por conseguinte, anónimas. Se não permitir estes cookies, não saberemos quando visitou o nosso site.

Cookies de funcionalidade

Estes cookies permitem que o site forneça uma funcionalidade e personalização melhoradas. Podem ser estabelecidos por nós ou por fornecedores externos cujos serviços adicionámos às nossas páginas. Se não permitir estes cookies algumas destas funcionalidades, ou mesmo todas, podem não atuar corretamente.

Cookies de publicidade

Estes cookies podem ser estabelecidos através do nosso site pelos nossos parceiros de publicidade. Podem ser usados por essas empresas para construir um perfil sobre os seus interesses e mostrar-lhe anúncios relevantes em outros websites. Eles não armazenam diretamente informações pessoais, mas são baseados na identificação exclusiva do seu navegador e dispositivo de internet. Se não permitir estes cookies, terá menos publicidade direcionada.