De leilões e atendimento hospitalar

Tempo de leitura: 3 min

em 31/08/2022

De leilões e atendimento hospitalar

Confesso que o leilão das grandes empresas têxteis do passado me encheu de tristeza e nostalgia, pois vejo no acontecimento o último capítulo de uma vitoriosa fase da história de nossa cidade, marcada profundamente pela presença atuante dos três gigantes: Renaux, Buettner e Schlösser.

Durante mais de um século a indústria têxtil brusquense foi referência nacional e internacional, notadamente pela excelência de seus produtos, pelo inquestionável talento de gerações de empresários dinâmicos e empreendedores, bem como pela competência, fidelidade e dedicação de milhares de funcionários, que ao longo de suas vidas contribuíram decisivamente para o sucesso das empresas.

Os tempos mudaram e as três grandes potencias sucumbiram, vítimas da globalização, do anacronismo tecnológico, da voracidade tributária e também pela ingenuidade das gestões familiares, despreparadas para os enormes desafios da nova conjuntura mundial.
Na acirrada disputa pelo espólio da Schlösser e agora da Renaux, revelaram-se dois contendores, megaempresários locais com cartucheiras abarrotadas de munição poderosíssima, fator que ainda deverá render momentos emocionantes na disputa pelas cinzas da falecida.

É parte integrante de nossa cultura que posições de destaque no grupo social trazem em seu bojo expectativas, das quais um capitão de indústria que se preze, jamais deveria se furtar.

Cônsul Carlos Renaux foi, a meu ver, um exemplo daquilo que se espera de uma personalidade em destaque: empreendedor competente e mecenas exemplar, investiu o seu prestígio e recursos privados em projetos de utilidade pública, muitos dos quais persistem até os dias de hoje

Seguindo esta linha de raciocínio, não seria fantasioso demais sugerir a estes dois gigantes da economia local, que se unam em torno de uma boa causa, e com seu prestígio passem a comandar uma campanha para salvar o nosso antigo Hospital Evangélico do pior, ou seja, o fechamento definitivo. Pelo que se sabe-o nosocômio está falido, fechado e deteriorando-se a olhos vistos e ouve-se que uma dívida de R$ 40 milhões estaria afastando potenciais compradores do complexo hospitalar, pois a dívida teria que ser assumida pelos novos donos.

O atendimento hospitalar em nossa cidade encontra-se extremamente fragilizado e uma ação próativa em favor do hospital tornou-se urgente e vital. Não podemos permitir que o hospital desapareça definitivamente e espera-se que cada cidadão contribua para que isto não venha a acontecer.


Agitando

Realmente preocupante, na minha opinião, a incessante circulação de vídeos e áudios nas redes sociais, onde civis e militares tentam justificar perante a opinião pública uma eventual intervenção militar, supostamente para “colocar o país nos eixos”.

A maioria das peças é de um primarismo inédito, como um áudio apócrifo, atribuído ao senador Cristovam Buarque que discorre sobre a suposta inquietude reinante nos quarteis bem como sobre uma suposta pressão do presidente norte americano Donald Trump sobre os militares brasileiros, para que “abandonem a letargia e partam para o golpe militar”

Absurdo e ridículo. Jamais o eminente senador, que em sua recente passagem por Brusque nos brindou com conferência de altíssima qualidade, se prestaria a este papel de agitador barato, incompatível com o seu nível intelectual bem como com suas convicções político-partidárias de centro esquerda.

Todos concordamos que o Brasil necessita reformas profundas e urgentes. Pessoalmente prefiro que estas reformas partam da sociedade civil e não nos sejam impostas por um regime de força.

Não devemos esquecer que o Brasil já viveu longos anos sob um regime militar que, se nos poupou da experiência de uma ditadura comunista, não conseguiu curar o país de suas mazelas crônicas, entre as quais a corrupção é uma das mais danosas. Os políticos são povo, representam o povo e foram eleitos pelo povo. Logo concluo que quem tem que rever as suas posições é o povo!

E para iniciar o processo de transformação, nada melhor do que encarar um espelho e perguntar-se: estou realmente fazendo tudo o que posso para melhorar o meu país?

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