Lula promete lutar contra desmatamento, mas cobra apoio de países ricos

Tempo de leitura: 4 min

em 17/11/2022

Sob aplausos na COP27, presidente eleito se compromete a lutar contra o desmatamento, mas reivindica o financiamento das nações mais abastadas. Ele diz que agronegócio será "aliado estratégico" e propõe que a conferência de 2025 seja na Amazônia brasileira

Lula promete lutar contra desmatamento, mas cobra apoio de países ricos

No centro das atenções de uma plateia formada por líderes da sociedade civil, cientistas, diplomatas e jornalistas, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discursou, ontem, na Conferência Internacional do Clima (COP27), em Sharm el Sheikh, no Egito. O futuro chefe do Executivo prometeu zerar o desmatamento na Amazônia até 2030.

“O combate à mudança climática terá o mais alto perfil na estrutura do meu próximo governo”, enfatizou Lula. Para cumprir essa meta, segundo ele, serão necessárias ações para reativar os trabalhos da equipe de fiscalização e proteção ao meio ambiente. “Nos três primeiros anos deste governo que está acabando (Jair Bolsonaro), o desmatamento na Amazônia aumentou 73% e houve um desmonte na fiscalização. Isso vai acabar e ficará no passado”, destacou, sob aplausos.

Ao comentar os desafios para conciliar desenvolvimento econômico e proteção ao meio ambiente, Lula disse que o agronegócio será “um aliado estratégico” nos próximos anos. Segundo ele, o agro será otimizado, de forma que não haverá necessidade de derrubar a floresta.

“No nosso governo, buscaremos um agro regenerativo e sustentável, com investimento em ciência, tecnologia, e com educação no campo”, frisou. “Com os 30 milhões de hectares de terra degradada que temos, vamos torná-las agricultáveis, sem precisar desmatar um metro de terra, para continuarmos a ser um dos maiores produtores de alimentos no mundo.”

O presidente eleito afirmou que sua gestão vai provar ser “possível promover crescimento econômico e inclusão social tendo a natureza como aliada estratégica e não mais como inimiga a ser abatida a golpes de tratores ou motosserras”.

Lula lembrou, porém, que o combate às mudanças climáticas é uma ação coletiva e dependerá dos esforços de todos os países. O trabalho, conforme ressaltou, terá de contar com o apoio financeiro das nações ricas para as mais pobres.

“Não haverá futuro enquanto estivermos cavando um poço sem fundo entre ricos e pobres”, argumentou. Nesse momento, o presidente eleito mencionou o acordo firmado em 2009 pelos países ricos de oferecer, a partir de 2020, US$ 100 bilhões anuais para que as nações mais pobres enfrentassem os efeitos da crise climática. “Esse compromisso nem foi nem está sendo cumprido”, criticou.

Com a vitória de Lula nas eleições, a Noruega anunciou a retomada do financiamento do Fundo Amazônia. O país, que até 2019 concedia R$ 3,5 bilhões (93,8%) para que o Brasil combatesse o desmatamento no bioma, declarou ter interesse em manter os repasses. A Noruega tinha congelado o financiamento por discordar da política ambiental do governo Bolsonaro.

A Alemanha, por sua vez, manifestou interesse no retorno ao Fundo Amazônia. Após as eleições brasileiras, o secretário do Ministério para Cooperação e Desenvolvimento da Alemanha, Jochen Flasbarth, disse no Twitter que o governo alemão tem interesse em fazer contato com o Brasil. “Há uma forte vontade dentro do governo alemão de chegar ao Brasil rapidamente agora”, escreveu.

COP no Brasil

No Egito, Lula anunciou interesse em que a próxima edição da conferência do clima seja realizada na Amazônia brasileira. O evento é promovido pela Organização das Nações Unidas (ONU). “Vamos falar com o secretário-geral da ONU para que a COP de 2025 aconteça no Brasil, na Amazônia: ou no estado do Pará ou no Amazonas. Os dois estão aptos a sediar”, afirmou no discurso.

A razão para que o próximo evento do clima ocorra na Amazônia brasileira, segundo o futuro chefe do Executivo, é fomentar que líderes mundiais conheçam a região presencialmente.

“Será muito importante que a próxima COP aconteça na Amazônia, porque será a única forma de as pessoas conhecerem de perto a realidade concreta da região, não apenas a partir de leituras”, justificou.
O senador Fabiano Contarato (PT-ES), que está em Sharm El-Sheikh, disse ao Correio que o discurso do presidente eleito representa a mudança da posição do Brasil no cenário internacional. “Lula repõe a dignidade do Brasil em âmbito internacional, sepultando o isolamento da vergonhosa diplomacia de seu antecessor”, afirmou. “Sustentabilidade e combate à fome, mais que rótulos internacionais poderosos, serão legados efetivos do novo governo.”

Deu no…

The New York Times

O diário dos Estados Unidos frisou que as expectativas se tornaram altas com o discurso “exuberante” de Lula na cúpula do clima. “Na primeira viagem após vencer as eleições no mês passado, Luiz Inácio Lula da Silva prometeu proteger a Amazônia e disse que o Brasil está saindo do casulo.”

The Guardian

O jornal do Reino Unido destacou a promessa de Lula de reverter degradação e parar o desmatamento. “Presidente eleito diz que trabalhará para salvar a Amazônia e ecossistemas, em discurso empolgante na COP27”, enfatizou.

Le Monde

O jornal francês registrou, no título da reportagem, que Lula “pede criação urgente do fundo para cobrir danos climáticos”. A publicação também destacou a intenção do presidente eleito de levar para uma cidade amazônica a COP30. “Antes de seu tão aguardado discurso, o futuro presidente brasileiro também se propôs a organizar a Conferência Mundial do Clima de 2025 na Amazônia”, frisou.

Clarín

O diário argentino destacou o compromisso assumido por Lula na COP27 de “frear o desmatamento na Amazônia”. O jornal considerou o discurso do presidente eleito como “um dos mais contagiantes (em tradução livre)” da conferência, assistido “por centenas de pessoas, “muitas das quais o aplaudiram e entoaram palavras de ordem em português”

Fonte: Correio Braziliense.

Você vai gostar também:

Para enviar seu comentário, preencha os campos abaixo:

Deixe um comentário


*


*


Seja o primeiro a comentar!

Damos valor à sua privacidade

Nós e os nossos parceiros armazenamos ou acedemos a informações dos dispositivos, tais como cookies, e processamos dados pessoais, tais como identificadores exclusivos e informações padrão enviadas pelos dispositivos, para as finalidades descritas abaixo. Poderá clicar para consentir o processamento por nossa parte e pela parte dos nossos parceiros para tais finalidades. Em alternativa, poderá clicar para recusar o consentimento, ou aceder a informações mais pormenorizadas e alterar as suas preferências antes de dar consentimento. As suas preferências serão aplicadas apenas a este website.

Cookies estritamente necessários

Estes cookies são necessários para que o website funcione e não podem ser desligados nos nossos sistemas. Normalmente, eles só são configurados em resposta a ações levadas a cabo por si e que correspondem a uma solicitação de serviços, tais como definir as suas preferências de privacidade, iniciar sessão ou preencher formulários. Pode configurar o seu navegador para bloquear ou alertá-lo(a) sobre esses cookies, mas algumas partes do website não funcionarão. Estes cookies não armazenam qualquer informação pessoal identificável.

Cookies de desempenho

Estes cookies permitem-nos contar visitas e fontes de tráfego, para que possamos medir e melhorar o desempenho do nosso website. Eles ajudam-nos a saber quais são as páginas mais e menos populares e a ver como os visitantes se movimentam pelo website. Todas as informações recolhidas por estes cookies são agregadas e, por conseguinte, anónimas. Se não permitir estes cookies, não saberemos quando visitou o nosso site.

Cookies de funcionalidade

Estes cookies permitem que o site forneça uma funcionalidade e personalização melhoradas. Podem ser estabelecidos por nós ou por fornecedores externos cujos serviços adicionámos às nossas páginas. Se não permitir estes cookies algumas destas funcionalidades, ou mesmo todas, podem não atuar corretamente.

Cookies de publicidade

Estes cookies podem ser estabelecidos através do nosso site pelos nossos parceiros de publicidade. Podem ser usados por essas empresas para construir um perfil sobre os seus interesses e mostrar-lhe anúncios relevantes em outros websites. Eles não armazenam diretamente informações pessoais, mas são baseados na identificação exclusiva do seu navegador e dispositivo de internet. Se não permitir estes cookies, terá menos publicidade direcionada.